Colheita
Hoje em dia as coisas mudaram tanto que, por pouco, eu, menino nascido e criado na roça, nem me lembre mais das colheitas de arroz. Atu...

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Hoje em dia as coisas mudaram tanto que, por pouco, eu, menino nascido e criado na roça, nem me lembre mais das colheitas de arroz. Atualmente, a gente compra o arroz no saquinho e nem faz idéia de como seria uma plantação de arroz. Mas a plantação também mudou muito. Agora tudo é feito com tecnologia que demanda muito capital e maquinário.
No meu universo o arroz ainda era plantado nos brejos, às margens dos rios. E como era difícil cuidar do arroz! Primeiro vinha o preparo do terreno alagado, onde a gente disputava a área com as cobras ribeirinhas. Depois a capina e finalmente, a colheita. Essa sim, valia a pena! Os vizinhos se juntavam, cortavam o arroz, empilhava-o e ao final da tarde carregava o mesmo para o terreiro onde era batido, ou seja, debulhado. O ambiente era de festa. A colheita era o momento de satisfação para quem trabalhou tanto e soube esperar o fruto.
No Evangelho de S. Mateus (9,37) Jesus fala de uma colheita. Ele olha para o conjunto dos homens de seu tempo e os vê como se fosse uma lavoura prestes a dar frutos. Aí ele reclama: A lavoura é grande, mas os braços são poucos, pedi ao senhor da lavoura que mande operários para a colheita…
Essa fala de Jesus me deixa muito pensativo. Sendo Deus, é claro que Ele pode fazer tudo sozinho. Mas, ainda assim, Ele preferiu contar com os braços humanos na hora da colheita. Mas, como eu, tendo braços tão frágeis posso ajudar Deus na busca de almas para seu Reino? – Não sei. Mas, certamente posso fazer algo. Não foi à toa que Deus me deu duas mãos e dois pés. Não foi à toa que Deus me deu inteligência, talentos, filhos…
Às vezes paro e olho para minhas mãos. Fico pensando: Será que estou usando essas mãos para Deus ou para o pecado. Com tristeza, constato que minhas mãos nem sempre são empregadas como poderiam para construir o reino de Deus. Essa pergunta vale também para você. O que você tem feito com todas as ferramentas que Ele colocou à sua disposição? Temos dons diversos e recebemos muito de Deus. Às vezes guardamos essas ferramentas tanto tempo que elas acabam se enferrujando. Se você é um advogado, então pergunte para você mesmo: estou advogando para os pobres? Estou a serviço da justiça? Se sabe cantar, então pergunte para si mesmo: Estou cantando a glória de Deus? Estou cantando para alegrar meus irmãos? Sendo um bom mecânico, pergunte para si mesmo: Com o meu trabalho, estou engrandecendo o reino de Deus?
A colheita é grande e nós podemos ser parceiros de Cristo nesse trabalho. Podemos trazer pessoas para Deus. O inverso também é verdadeiro. Podemos tirar as pessoas do caminho de Deus. Mas, é melhor se esquecer disso e pensar: Sou parceiro de Cristo. Ele é meu companheiro de trabalho. Ele está perto de mim todo o momento de meu dia. Portanto, devemos ser unidos. Nessa parceria somente eu saio ganhando. Deus, que já é pleno e infinito, quis contar comigo que sou pobre e pequeno. Graças a esse convite ganho uma dignidade imensa. Sou parceiro de Deus não apenas na colheita do arroz, mas também na colheita de almas para seu reino. "Não mereço, mas agradeço".