Nem tanto ao mar, nem tanto á praia

Nos Evangelhos, volta e meia, vemos Jesus às turras com os fariseus e doutores da lei. Eles eram pessoas influentes da época. Como toda...


Nos Evangelhos, volta e meia, vemos Jesus às turras com os fariseus e doutores da lei. Eles eram pessoas influentes da época. Como todas as gentes também esperavam um Messias. Obviamente, esperavam um Messias que estivesse, de alguma forma, ligado ao templo de Jerusalém.  

O povo da bíblia recebeu de Deus, através de Moisés, num momento muito difícil de sua história (deserto), os dez mandamentos. Eles, de fato, foram uma bênção para guiar o povo na dura experiência de construção da própria liberdade. Mas, se a lei foi importante, o legalismo foi doentio. Por causa dele, os fariseus se indispuseram, diversas vezes, com Jesus. Tudo por causa de detalhes. "Jurar pelo templo não vale, mas pelo ouro do templo, vale". "Jurar pelo altar não vale, jurar pela oferta do altar, vale…". Jesus os criticava abertamente. "O que vale mais, a oferta ou o altar que a santifica?" Para completar ainda dizia: ai de vós, que filtram uma formiga e engolem um camelo!

Os fariseus e doutores da lei pecavam pelo legalismo e pelo culto da aparência. Pelo visto, gostavam de fazer longas orações, ser convidados para ocupar os primeiros lugares e rezar nas praças públicas. Esse zelo aparente não era acompanhado por uma vivência autêntica da fé. Por isso, foram chamados de hipócritas e sepulcros caiados. Limpos por fora e podres por dentro! Realçavam a estética, mas se esqueciam da ética.

Hipócrita era o nome de uma máscara antiga, usada pelos gregos em suas representações teatrais. Ao entrar no palco, o artista colocava a máscara. Assim, preservava sua identidade e ficava mais à vontade para dar vida ao personagem. Os fariseus e doutores da lei, apesar de zelosos com a religião, também usavam uma máscara, pois falavam uma coisa e faziam outra. O farisaísmo não é coisa do passado. Ainda hoje, ele pode estar presente no nosso comportamento. É preciso tomar cuidado com a hipocrisia, ela pode até destruir  seu casamento ou levá-lo ao desemprego.

Ninguém nega a importância de se observar a lei. Sem ela, a convivência social se tornaria inviável. Mas, ninguém gosta do legalismo. Muitas coisas se resolvem na base do bom senso. A insegurança de alguns é que leva ao legalismo. Na dúvida, é melhor cumprir a lei, mesmo que seja extremamente antiquada. Isso lembra a história da enfermeira que recebeu ordens médicas para preparar o corpo do falecido. Durante o trabalho, o morto se levanta, mas, é deitado à força  pela enfermeira enquanto ouve: ordens são ordens! Tenho ordem de prepará-lo para o sepultamento. Quem sabe mais, você ou o médico que assinou o seu atestado de óbito?

A hipocrisia e o legalismo são dois males na convivência humana. Ninguém gosta de pessoa falsa ou legalista. O bom senso e a transparência são os antídotos para esse mal. O tempero certo é que faz a qualidade da comida. E o bom senso e a transparência a qualidade do relacionamento.

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