Di-Vago
É. Parece que alguém já passou por aqui. Uma voz solitária murmura, entre escombros, numa tarde qualquer. Há marcas no chão. R...

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É. Parece que alguém já passou por aqui.
Uma voz solitária murmura, entre escombros, numa tarde qualquer.
Há marcas no chão. Rastros de ruínas e lamas antigas.
A terra mais que trincada desencoraja as flores.
Quem terá sido meu Deus?- alguém insiste em questionar.
A sucessão dos dias é indiferente à vida que passou.
No futuro, alguém dirá isso de mim e não se trata de ser pessimista.
O tempo se encarrega de apagar as memórias…
E esse alguém, que talvez, nem tenha nascido, sairá do campo santo, indiferente, para tomar, um prato de sopa.
E prá onde irá meu sentimento de onipotência? Serei poeira do chão onde as formigas deixarão rastros e dejetos!
O que importa o que fiz, sonhei ou deixei de fazer? Também sou vítima de cronos, esse deus perverso, que devora, prazerosamente, os filhos.
Quem há de se preocupar com a preservação de minha memória? Você? Não. Com certeza, estaremos partilhando da mesma sorte.
A quem interessará se hoje como pão queijo, pamonha ou rapadura? A roda do tempo tudo desfaz. Desfaz até as vaidades. Vaidade das vaidades. Tudo passa debaixo do sol.