Eu não matei a criança…

A fumaça branca, se esvai pelo espaço, deixando  um rastro mágico no ar. Por isso, acordei e logo depois, voltei a sonhar de novo. O sol da manhã, aqueceu o meu corpo, como se quisesse me dar um abraço.

Sinfonia de sons, desperta meus ouvidos e o vento morno baila, com as folhas secas. "Pássaros perdidos do verão vêm à minha janela, cantam e vão embora, voando. E as folhas amarelas do outono, que não sabem cantar, flutuam e nela caem, suspirando" (Tagore).

Suspendi o tempo e o juízo sobre as coisas. Restou-me a contemplação.

Não chorei à noite, pra não perder a visão das estrelas. No fundo escuro do céu, uma delas piscou pra mim. Sonhei com flores, odores e arco-íris. Se Deus for mais do que isso, já é um desperdício…

Gosto de voar pra ver o mundo de cima. De baixo, vejo um Deus que brinca sobre as nuvens. Uma nuvem fez sombra em minha dor. Agora, só vejo a sombra. Não suportaria ver seus avessos…

Ando assustado com a beleza do mundo. Ando assombrado com meus espelhos. Sou gente miúda, que engole goiaba e sonha com a lua. Moro no tempo, mas danço na chuva e brinco de esconder, em cada manhã de neblina. Não matei a criança que consegui ser um dia. Esse dia, que se chama hoje…

Imagem de Bessi por Pixabay