Indecisão

O papel está diante de mim e eu sem ânimo para escrever. Para escrever é preciso ter uma boa motivação. Pelo menos, o que se escreve deve ser relevante para quem vai ler. Mas, como medir a relevância de um texto se para alguns, o que é uma jóia, para outros não passa de lixo? Poderia escrever sobre a meditação que fiz pela manhã.  A tentação existe. Mas, será que vale a pena? Será que não corro o risco de apenas inflacionar o mundo de palavras condenando-as  ao abismo do esquecimento?

Quem sabe eu poderia registrar aquela intuição poética que tive recentemente? Num mundo tão pragmático como o nosso, quem se preocupa com poesia? "Poesia não dá dinheiro nem enche barriga de ninguém", diriam alguns.  

Talvez poderia escrever algo na linha da auto-ajuda.  O que não faltam são pessoas com problemas a começar por quem escreve. Não! Auto-ajuda, não. Já tem bobagens demais nesse mundo!

Quem sabe eu poderia me refugiar no mundo da infância e escrever algo sobre ele? Esse mundo idealizado ganha mais colorido quanto mais longe se está dele. Não. Não quero ser romântico idealizando pessoas ou situações. Minha infância também foi dura. Em qualquer época o urubu é preto.  Então? – Escrevo ou não escrevo? Até agora não me decidi. Mas, o texto está pronto.