Santo Antônio: Joia escondida
A história de Santo Antônio é cheia de situações que nos servem como lições de vida. Antônio era portador de grande cultura e, igualment...
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A história de Santo Antônio é cheia de situações que nos servem como lições de vida. Antônio era portador de grande cultura e, igualmente, de grande humildade. Às vezes, se esforçava para não ser notado e, consequentemente, admirado. Sua espiritualidade profunda possibilitou-lhe grande penetração nos mistérios de Deus e na Sagrada Escritura. Dizem que ele podia recitar toda a Bíblia de cor! Apesar de ser um verdadeiro manancial de sabedoria costumava passar despercebido de todos, inclusive de seus confrades.
No Capítulo Geral da Ordem Franciscana em 1221, em Assis ele compareceu, juntamente, com centenas de outros frades. O Capítulo (reunião) delibera sobre o bem da corporação, promove eleições e discute diversos outros assuntos. Nesse encontro, pelo jeito, Santo Antônio teve contato com São Francisco de Assis. Ao final da reunião todas as incumbências e tarefas foram distribuídas aos outros frades e, para Santo Antônio, não sobrou nada. Ninguém deu nada por aquele frade de origem portuguesa. Vendo-o, assim, Frei Graciano, depois de verificar que ele era padre, pediu ao superior da Ordem, autorização para levar com ele aquele frade. Sendo padre ele poderia ser útil para celebrar a missa para os irmãos na Província da Romandíola (região da atual Itália).
Frei Graciano, na verdade, não sabia o valor da joia que acabava de adquirir. No eremitério Santo Antônio permaneceu ainda um bom tempo sem revelar sua grande cultura. Contentou-se em trabalhar na cozinha e fazer outros serviços humildes.
Certo dia, durante a ordenação sacerdotal de alguns jovens da região, coube a ele dirigir uma “palavrinha” aos presentes. Por pura obediência e sem a menor vaidade Antônio fez uma grande homilia em latim e recheada de citações bíblicas. Antes de convidá-lo para a pregação o Guardião do Eremitério de São Paulo (Cidade de Forli – 1222) disse-lhe: “Vai tu e fala o que o Espírito do Senhor te inspirar”. Pensava, no entanto, que se ele não se saísse bem seria, facilmente, desculpado. Imaginavam que o frade português fosse um homem de rasa cultura. Santo Antônio subiu ao púlpito como um amador e desceu como grande orador. A partir daí não conseguiu mais esconder seus grandes conhecimentos. A notícia acabou chegando a São Francisco que o nomeou professor (lente) de teologia para os frades.
Santo Antônio enfeita hoje, a galeria dos grandes santos e doutores da Igreja. Para ele valia o ditado: “Quem vê a cara não vê o coração”. Seu coração estava cheio de Deus e de sabedoria. Sabedoria que ele procurou esconder o quanto pode para não parecer vaidoso. Quanta lição para o nosso tempo narcisista!