Sobre o cabo da vassoura
Gastei um tempão para escrever esse texto. Queria falar de coisas sérias usando objetos simples. A pretensão era a mesma de sempre: ...

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Gastei um tempão para escrever esse texto. Queria falar de coisas sérias usando objetos simples. A pretensão era a mesma de sempre: Escrever de maneira simples, mesmo que o tema fosse complexo. Por isso, tomei a vassoura como fonte de inspiração.
Todo mundo conhece uma vassoura. Ela faz parte do mundo doméstico. Pode ser confeccionada com um simples ajuntamento de ramos ou ser adquirida facilmente no comércio.
Dentre outras coisas, a vassoura lembra-me o governo de Jânio Quadros. Jânio, ao que parece, foi um grande conservador travestido de revolucionário. Congelou os salários e desvalorizou a moeda, mas ao mesmo tempo, condecorou o Ministro Cubano, "Che" Guevara e reatou relações diplomáticas com o bloco socialista. A vassoura, em suas mãos, foi instrumento de marketing político. Com ela, prometia varrer a sujeira e a corrupção no país. Certamente, sua vassoura ainda não foi usada. Basta abrir os jornais e você verá que, até hoje, permanece muita sujeira para ser varrida…
Na Idade Média, a vassoura passou a ser o veículo de transporte de todas as bruxas. Em noites de lua, chamadas por Diana, divindade romana (Ártemis, no mundo grego), elas voavam sobre as vassouras para participarem do sabá (culto ao diabo). Para freqüentar a "vauderie"(sabá), as bruxas untavam o corpo com um ungüento especial com a ajuda de uma pequena vara, que em seguida, colocavam entre as pernas para voarem. Assim, podiam percorrer distâncias longas a uma grande velocidade para cultuarem o "príncipe das trevas". Hoje, as feiticeiras parecem estar em crise, mas as "vassouras de bruxas" nunca incomodaram tantos os agricultores.
As crianças gregas e romanas, bem como as parturientes, morriam de medo de Fauno (Pã, no mundo grego). Fauno era uma divindade rural que gostava de raptar as criancinhas. Para evitar que isso acontecesse, costumavam colocar uma vassoura atrás da porta. Ainda hoje, adotamos esse costume para espantar certas visitas indesejáveis. Caso a simpatia, não funcione, tenho outra que é infalível: Tirar a vassoura de trás da porta e dar com ela no visitante. Garanto que essa funciona, mas é preciso ter muito cuidado, com a possível reação do "apanhante".
Na fazenda em que nasci, junto com outros meninos eu costumava amarrar as pontas das vassouras que margeavam os trilhos. Feita a armadilha, a gente se escondia nas proximidades para ver os tombos e ouvir os palavrões. Aquilo, sem dúvida, dava grande azar para o caminhante, e às vezes, para nós.
No imaginário católico brasileiro, a vassoura também não ficou de fora. Ao que parece, pelo menos no Maranhão a devoção à N. Sra. das Vassouras é uma realidade. Sua missão é varrer tudo o que não presta da vida dos devotos. Por causa disso, ela deve estar morta de canseira! Quero invocá-la para concluir esse pequeno texto. Caso contrário, quem corre o risco de umas vassouradas sou eu.
Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay
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