Tragédia
Agora não me cabe discorrer sobre o sentido da tragédia. Mas, ela está muito presente na história humana e foi bem retratada pela mi...

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Agora não me cabe discorrer sobre o sentido da tragédia. Mas, ela está muito presente na história humana e foi bem retratada pela mitologia grega. Talvez, a história de Édipo, seja a que melhor retrata esse tema. Édipo foi criado pelos pastores de Corinto. Ao tornar-se adulto quis conhecer o pai verdadeiro que morava distante. No caminho de encontro ao pai envolve-se numa briga com um desconhecido e, acabou matando o próprio pai sem saber. Também sem saber de nada se casou com a viúva, Jocasta, que naturalmente, era sua mãe. Quando tomou consciência de tudo isso furou os próprios olhos… Como o mito é uma história aberta permite diversas interpretações. Édipo se parece com muitos de nós que se por um lado somos bem sucedidos, por outro somos uma tragédia. O trágico é isso: quando uma narrativa vai caminhando muito bem e tem um final inesperadamente doloroso.
Recentemente tomei consciência do estado de saúde do cantor argentino Luciano Pereyra. Considero-o um grande cantor especialmente de músicas folclóricas e regionais. Volta e meia, toco suas músicas em meu programa de rádio. Soube que ele está enfrentando um longo tratamento para se curar de uma enfermidade no esôfago e laringe. Vejam bem, onde está o elemento trágico em tudo isso. Logo ele que vive da voz e vive por ela, está “condenado” ao silêncio por força do tratamento. Espero que esse momento difícil na vida do cantor seja logo superado e que ele volte aos palcos!
Algo semelhante já aconteceu, no passado, com uma grande diva da música de ópera. Trata-se de Maria Callas, uma cantora americana de descendência grega. Talvez, a maior cantora de ópera do Século XX. Não é que ela também perdeu a voz? Em 1965 casou-se com um magnata grego e deu um triste rumo à sua vida. Cancelou shows e passou a beber. Os excessos prejudicaram para sempre a qualidade de sua voz. Cantou em público pela última vez no Japão em 1974. Morreu de complicações cardíacas, em Paris, no ano de 1977.
No varejo de nossos dias também sabemos de pequenos fatos com gosto de tragédia. Conheci um senhor que dedicou toda sua vida a amansar cavalos. Poderia afirmar que ele devia sua vida aos eqüinos. O que ninguém esperava, no entanto, aconteceu justamente com ele. Um dia ao montar num cavalo assustado acabou caindo do mesmo e morreu ali mesmo. Fatos semelhantes aconteceram também com motoristas, pescadores, pedreiros…
Nós, que andamos formatado pela lógica do “final feliz”, temos dificuldades em conviver com um final imprevisível. Mas, viver é correr riscos. Podemos ter esperança e ela nos ajuda muito a enfrentar as dificuldades do dia a dia. Mas, certezas mesmo, nunca podemos ter sobre quase nada. “Viver é muito perigoso”, já dizia Riobaldo, um personagem de Guimarães Rosa. Concordo com ele. Viver é igual a saltar de paraquedas. Temos que confiar em Deus, em nossas habilidades e planejamento. Mas, de vez em quando, o paraquedas simplesmente não abre sobre nós quando já estamos em queda livre…
Imagem de Goran Horvat por Pixabay
Imagem de Goran Horvat por Pixabay
Deus seja louvado!
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