Cozinhar o galo

Na Bíblia temos alguns casos clássicos de vocação. Vocação é chamado divino para uma missão. Um dos casos bonitos de vocação foi o...


Na Bíblia temos alguns casos clássicos de vocação. Vocação é chamado divino para uma missão. Um dos casos bonitos de vocação foi o de Eliseu (I Reis 19.19-21).
Elias partiu daí, e encontrou Eliseu, filho de Safat, arando com doze juntas de bois  em fila, ele com a última. Elias passou perto dele e atirou-lhe o manto. Então Eliseu, deixando os bois, correu atrás de Elias e lhe pediu: - Permite que me despeça de meus pais, depois retorno e te sigo. Elias lhe disse:  - Vai, mas volta. Quem te impede? Eliseu afastou-se, pegou a junta de bois e os ofereceu em sacrifício; aproveitou a lenha do arado  para assar a carne e convidou sua gente, Depois levantou-se e seguiu Elias e se pós a seu serviço.
No Evangelho Jesus é mais exigente do que Elias, pois afirma: - Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus (Lc 9,62). Eliseu pelo menos pode despedir-se dos amigos e fazer um churrasco de “despedida de solteiro”, antes de seguir o profeta.
A reação dos discípulos após o convite de Jesus é surpreendente. “Imediatamente, deixaram as redes e seguiram Jesus” (Mt 4, 18-22). Deixar as redes e os barcos era deixar para trás toda a segurança que possuíam. Era trocar o certo pelo duvidoso... Pelo visto, não pensaram duas vezes  para responderem de forma positiva ao chamado de Jesus. Aí fica um grande exemplo para todos nós que somos lentos demais para atender aos apelos de Deus. Ficamos agarrados às nossas seguranças ainda que não passem de barco furado.
Existe uma expressão conhecida entre o nosso povo que define bem um gesto de má vontade: - “Cozinhar o galo”. Cozinhar um galo, pelo menos, antes do fogão a gás e panela de pressão, era uma tarefa, extremamente, demorada. O galo tinha a carne dura e custava a chegar ao ponto de cozimento. Uma pessoa que fica “cozinhando o galo” é uma pessoa que protela sempre suas decisões.  

Quando Deus nos chama não podemos ter má vontade para com Ele. Devemos atendê-lo com prontidão. Os discípulos não “cozinharam o galo”. Imediatamente, deixaram tudo para atender ao convite de Jesus. Isso é, para todos nós, uma grande lição. Diante desse exemplo, devemos interrogar sobre nossas prioridades e opções. Quando Deus ocupa o primeiro lugar em nossas vidas então temos pressa em atendê-lo. Quando os nossos interesses são prioridades a vontade de Deus fica relegada ao segundo plano. Isso não é aconselhável para quem não sabe quando irá morrer. Pode ser que sejamos surpreendidos pela morte, de forma imprevisível. Nesse caso, pagaremos caro por cozinhar o galo indefinidamente...

Imagem de Studiolarsen por Pixabay 

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