Apanhou do diabo

A estória é pedagógica e foi contada por Santo Afonso Maria de Ligório. Baseado na leitura de seus livros é que surgiu esse texto....


A estória é pedagógica e foi contada por Santo Afonso Maria de Ligório. Baseado na leitura de seus livros é que surgiu esse texto. Santo Afonso, talvez, tenha sido quem mais falou sobre o Mistério da Encarnação. Para realçar a grandeza desse mistério conta-nos uma estória, mais ou menos, assim:

Na noite de natal, durante a missa um homem dava pouca atenção à liturgia. Nem se tocou ou menos se inclinou ao ouvir a expressão: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Estranhamente, naquela hora esse homem levou um grande tapa na cara e uma repreensão do diabo: - Ingrato, disse-lhe o demônio. Lembram-te que Deus se fez carne por ti e tu nem te dignas a inclinar-te ao ouvir essa nobre verdade? Ah!  Se Deus tivesse feito outro tanto por mim eu mesmo lhe ficaria eternamente grato. E tu nem te tocas?

O Milagre da Encarnação, de fato, deveria levar-nos a uma conversão continuada. Jamais  fomos merecedores de tamanha atenção por parte de Deus. Nunca entenderemos bem a grandeza do amor de Deus. Foi por causa desse amor que Ele, o Criador Onipotente, tornou-se filho  de sua própria criatura! Isso, mesmo. Deus não teve receio em assumir a nossa condição igual a nós em tudo, menos no pecado.  Vestiu-se da nossa humanidade a Divindade onipotente!
Dizem que Alexandre Magno, ao conquistar os persas quis vestir-se à moda deles para conquistar-lhes a simpatia. Apesar do exemplo não ser dos melhores, penso que, foi exatamente, isso que fez o nosso Deus. Veio até nós, do nosso jeito para nos ganhar a todos. Assumiu, por amor, a condição de escravo e morreu, injustamente, condenado por amor.

No livro, Encarnação, nascimento e infância de Jesus Cristo, Santo Afonso nos relata mais uma estória para falar desse amor de Deus por nós:

Havia um monge que ao rezar sempre se deparava com um lindo menino que se colocava ao seu lado. Por mais que o monge tentasse reter a presença daquele menino ele acabava fugindo misteriosamente. Mas, aconteceu, que num determinado dia, o menino lhe apareceu durante suas orações e, dessa vez, trazia nas mãos um par de algemas douradas. Pedia que fosse algemado e tomado por escravo. O monge não pensou duas vezes. Algemou o menino no próprio coração. A partir de então, sempre que rezava sentia o Menino Jesus  sorrindo para ele de dentro do seu coração. Tornou-se seu escravo por amor...

Foi o grande amor de Deus por nós que o levou a tornar-se um de nós. De diversos modos Deus sempre beneficiou o seu povo. Mas, no Mistério da Encarnação Deus se extrapolou. Foi a própria misericórdia  que se dignou descer ao mundo dos miseráveis; a verdade que veio em pessoa ao mundo marcado pela mentira; a vida mesma que desceu à mansão dos mortos para buscar os filhos de Adão que, de outra forma, estaríamos irremediavelmente perdidos...

Com simplicidade e pobreza Jesus veio a nós, para nos ensinar que o amor nos põe fora de nós. Ele realiza o movimento contrário ao egoísmo. Enquanto esse nos leva em direção a nós mesmos, o amor nos rapta de nós mesmos e nos leva na direção do outro.  Tai, uma boa sugestão para celebrarmos bem a festa do natal. Ir em direção ao outro, sobretudo, daqueles que mais sofrem e são esquecidos. Ser cristão é colocar-se, dia após dia, como seguidor dos passos de Jesus. Que Ele nos abençoe e nos ajude nesse empreendimento!


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