A flor do mandacaru
Alguns garimpeiros passam a vida toda alimentando a esperança de encontrar pedras preciosas. Feito tatus, adentram-se pelo interior ...
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Recentemente, conversei com um jovem vindo da região dos
garimpos e ele me relatou várias experiências de pessoas que lutam uma vida
toda para garimpar apenas uma pedra preciosa! Infelizmente, ainda existem
garimpos clandestinos onde os acidentes são freqüentes. Às vezes, o sonho de
uma vida toda se transforma em tragédia...
Com certas plantas, acontece algo semelhante. A gente espera
quase uma vida para ver a cor de suas flores. Mas, ninguém desiste dessa espera
porque a contemplação vale a pena.
Há plantas que permanecem feias o ano
inteiro para florir apenas três dias. A flor de seda é assim. Escondida entre
as folhagens, ninguém percebe sua existência até que chegue o mês de maio. Em
maio ela floresce e se torna o
centro das atenções. Com grande
beleza enfeita o jardim e confere um
colorido singular à paisagem. Disputa com ela na mesma corte, a azaléia.
Enquanto a primeira enfeita os interiores a segunda enfeita os pátios e
jardins. Ambas reservam seus encantos para a época do frio e assim amenizam a
paisagem com semelhante beleza.
Uma flor que sempre
me chamou a atenção foi a flor do mandacaru. Destoando das anteriores, ela se
abre apenas durante a noite e só dura um pôr-do-sol. Mandacaru é planta de
deserto, mas sua flor só resiste ao clarão da lua. Parece filha sensível de um
pai turrão. Essa “flor de Diana” pode ser vista apenas por quem madruga. Por
isso me são tão familiares!
O mandacaru, mesmo agredido pela seca, pode refrescar as
noites. Ele se parece com as pessoas que
não perdem a ternura nem mesmo no sofrimento.
Ele é o garimpeiro do nordeste. Do chão duro e ressequido ele extrai a
seiva para engordar o seu caule. A flor é a jóia preciosa. Depois dela vem o
fruto. Sob o sol escaldante, ele permanece a vida toda como a esperar o tempo
propício para mostrar a que veio. À noite ele se cobre com o branco lençol de
suas flores. As abelhas madrugadeiras fazem a festa. Suas flores têm vida
curta. Mas, no espaço curto desse tempo mostram toda sua beleza. Tenho em minha
casa, plantado atrás do cruzeiro um pé de mandacaru. Junto à cruz ele sempre me
ajuda a rezar. Atrás de toda a secura e sofrimento algo me enche de ternura.
São mistérios. A vida
humana é cheia de mistérios e desafios. Existe muita secura em torno de nós.
Mas, não podemos nos esquecer de que certas flores se desabrocham somente em
tempos de sofrimento...
Imagem de claudiocostarq por Pixabay
Imagem de claudiocostarq por Pixabay
"Alguns garimpeiros passam a vida toda alimentando a esperança de encontrar pedras preciosas"..
ResponderExcluirCoitados!