A morte: estranha companheira
Falamos da morte como se ela fosse um personagem, um sujeito ou uma realidade material. Talvez, ela seja exatamente o contrário disso: A...
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Falamos da morte como se ela fosse um personagem, um sujeito ou uma realidade material. Talvez, ela seja exatamente o contrário disso: A forma do vazio. Mas, nesse caso caímos numa contradição de performance. Como o vazio total pode ter uma forma? Se “ela” é irreal, como explicar sua onipresença? São Francisco a chamava de “irmã” mas, ao longo da história ela passou por diversas representações. Já foi representada por um esqueleto ou por uma velha vestida de preto com uma foice na mão. Nunca consegui entender essa última representação, porque sempre associei a mulher à vida. Não é dela que nascemos? Como explicar esse paradoxo: a mulher representando a morte?
A morte seja ela o que for, desperta nos vivos, sentimentos contraditórios. Para não ter que enfrentá-la alguns se matam antes da hora. Mas, o que nos autoriza a dizer que foi antes da hora? Será que a morte carrega relógio? Se o carrega, ele pode muito bem andar atrasado. Seja como for, o tema é um tabu, pois apesar de ser enfrentado por todos quase ninguém gosta de refletir sobre ele. Epicuro, um filósofo grego dizia aos seus discípulos que não havia nada mais imbecil que o medo da morte, pois: “se eu existo é por que a morte ainda não existe. Quando a morte passar a existir para mim aí sou eu quem não existirei mais.” Em todo caso, perder tempo com medo da morte era perder tempo mesmo. Mas, por falar em perder tempo gostaria de acrescentar que numa sociedade capitalista “tempo é dinheiro”. Em razão disso, muitos se iludem pensando que o único tempo bem empregado é o tempo usado para ganhar dinheiro. A única realidade, que pode questionar esse “dogma” é a morte, pois de que serve o dinheiro para o defunto?
Para falar com franqueza acho que a morte anda meio desmiolada. Alguns nomes foram riscados de sua agenda, enquanto ela anda pegando muitos que "bobeiam” por aí. “Bobeira”, nesse caso, é a pessoa brincar no volante, tentar suicídio ou pular num rio sem saber nadar. Para a morte isso deve ser a glória. Nem precisou de dar-se ao trabalho de buscar essas pessoas. Elas foram correndo ao seu encontro. Enquanto uns furam a fila outros permanecem a vida inteira, lógico, desafiando a morte. Penso, que no vestibular da vida, entretanto, o que mais conta não é o tempo vivido, mas a maneira como vivemos no tempo. Fora do tempo, já estaremos em Deus e só nos resta contar com a esperança. Mas, enquanto ainda estamos aqui, será que estamos sabendo viver a vida?
..."Fora do tempo, já estaremos em Deus e só nos resta contar com a esperança."..
ResponderExcluirAmem, assim seja!