Sr. Vivico
Em meu livro “Varal”, publicado em 2012, já falei sobre o personagem da crônica de hoje. O titulo da crônica publicada era: “O Peregrino”...
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Em meu livro “Varal”, publicado em 2012, já falei sobre o personagem da crônica de hoje. O titulo da crônica publicada era: “O Peregrino”. Naquela época, contei um fato da vida de Sr. Ari Altivo, o Sr. Vivico. Sr Vivico estava com 68 anos, naquela época, e ainda ia, à pé, de Pará de Minas a Conceição do Pará em peregrinação a cada 08 de dezembro. Na época, narrou-me, que ia tocando sua sanfona pela estrada a fora. Fazia isso como forma de alegrar outros peregrinos e aliviar o peso de suas caminhadas. O detalhe é que ele gastava quase a noite toda para fazer esse percurso. Sr. Vivico ainda está vivo, graças a Deus. Agora, está com sua segunda esposa, Dona Zulmira Martins.
Recentemente, encontrei-me com ele e pude saborear mais de suas histórias. A primeira fala de como ele agiu para aliviar o sofrimento da esposa doente ao final de sua vida. Mais uma vez, sua sanfoninha entrou em cena. Com ar de saudade ele falou-me de como fazia:
Eu passei muito aperto com a doença dela. Às vezes, ficava sozinho e, além de meu trabalho no campo, tinha que cuidar dela e da casa. Minha esposa percebia a situação e costumava reclamar. Dizia que estava sendo muito pesada para mim e que não valia a pena continuar a viver. Eu nunca reclamei de nada e sempre procurei disfarçar o meu cansaço. Então, para conseguir esse objetivo, depois que a ajudava no banho, ao final do dia, pegava minha sanfoninha e tocava as músicas que ela mais gostava bem ao lado de sua cama. Só depois que ela se alegrava um pouco eu cuidava do meu banho e de minha alimentação... Cuidei com amor de minha esposa até o último dia de sua vida. Sempre procurei ser amigo e companheiro dela.
Após ouvir aquela narração permaneci em silêncio imaginando a beleza do quadro: Um marido exausto e, ainda capaz de esquecer o próprio cansaço para alegrar a esposa doente. Com a música procurara espantar os fantasmas da vida. Sr. Vivico não me falou de amor. Não precisava. Amor, já disse Adélia Prado, em um de seus poemas: É palavra de luxo! Manoel de Barros, poeta do Pantanal, também disse que o amor tornou-se uma palavra sem nada dentro, ultimamente... Não são apenas com palavras, mas com atitudes que demonstramos o nosso amor.
O tempo passa para todo mundo e para o Sr. Vivico não é diferente. Ficou sozinho com a morte de sua esposa. Nos primeiros dias não teve cabeça para nada. Depois começou a reorganizar a vida. Encontrou uma nova companheira. Enfrentou algumas dificuldades para firmar essa nova relação. Dona Zulmira estava cheia de dúvidas. Tinha medo de deixar sua casa para recomeçar a vida com alguém. Sr. Vivico viu aquilo como uma negativa. Entristeceu. Esperava tanto a possibilidade de ser feliz com alguém novamente! Um dia, quando menos esperava, Dona Zulmira foi até ele e comunicou-lhe sua decisão positiva. Foi como se o sol brilhasse novamente.
Sr. Vivico, não estava feliz sozinho. Deus foi bom para ele e deu-lhe uma nova companheira. Agora, voltou a tocar sua sanfona. Ela serve para alegrar e, sobretudo, para exorcizar os fantasmas da vida. Dona Zulmira fica embriagada com os acordes da sanfona.
Embalados pela musicalidade do instrumento, eles seguem a vida como dois pombinhos!
Recentemente, encontrei-me com ele e pude saborear mais de suas histórias. A primeira fala de como ele agiu para aliviar o sofrimento da esposa doente ao final de sua vida. Mais uma vez, sua sanfoninha entrou em cena. Com ar de saudade ele falou-me de como fazia:
Eu passei muito aperto com a doença dela. Às vezes, ficava sozinho e, além de meu trabalho no campo, tinha que cuidar dela e da casa. Minha esposa percebia a situação e costumava reclamar. Dizia que estava sendo muito pesada para mim e que não valia a pena continuar a viver. Eu nunca reclamei de nada e sempre procurei disfarçar o meu cansaço. Então, para conseguir esse objetivo, depois que a ajudava no banho, ao final do dia, pegava minha sanfoninha e tocava as músicas que ela mais gostava bem ao lado de sua cama. Só depois que ela se alegrava um pouco eu cuidava do meu banho e de minha alimentação... Cuidei com amor de minha esposa até o último dia de sua vida. Sempre procurei ser amigo e companheiro dela.
Após ouvir aquela narração permaneci em silêncio imaginando a beleza do quadro: Um marido exausto e, ainda capaz de esquecer o próprio cansaço para alegrar a esposa doente. Com a música procurara espantar os fantasmas da vida. Sr. Vivico não me falou de amor. Não precisava. Amor, já disse Adélia Prado, em um de seus poemas: É palavra de luxo! Manoel de Barros, poeta do Pantanal, também disse que o amor tornou-se uma palavra sem nada dentro, ultimamente... Não são apenas com palavras, mas com atitudes que demonstramos o nosso amor.
O tempo passa para todo mundo e para o Sr. Vivico não é diferente. Ficou sozinho com a morte de sua esposa. Nos primeiros dias não teve cabeça para nada. Depois começou a reorganizar a vida. Encontrou uma nova companheira. Enfrentou algumas dificuldades para firmar essa nova relação. Dona Zulmira estava cheia de dúvidas. Tinha medo de deixar sua casa para recomeçar a vida com alguém. Sr. Vivico viu aquilo como uma negativa. Entristeceu. Esperava tanto a possibilidade de ser feliz com alguém novamente! Um dia, quando menos esperava, Dona Zulmira foi até ele e comunicou-lhe sua decisão positiva. Foi como se o sol brilhasse novamente.
Sr. Vivico, não estava feliz sozinho. Deus foi bom para ele e deu-lhe uma nova companheira. Agora, voltou a tocar sua sanfona. Ela serve para alegrar e, sobretudo, para exorcizar os fantasmas da vida. Dona Zulmira fica embriagada com os acordes da sanfona.
Embalados pela musicalidade do instrumento, eles seguem a vida como dois pombinhos!
..."Sr. Vivico, não estava feliz sozinho. Deus foi bom para ele e deu-lhe uma nova companheira. Agora, voltou a tocar sua sanfona. Ela serve para alegrar e, sobretudo, para exorcizar os fantasmas da vida."
ResponderExcluirQue benção!