Cura D’ars e seu tempo
O que você diria de um padre que atendesse confissões durante 12 horas por dia e reservasse um tempo apenas para a missa e as orações; qu...
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O que você diria de um padre que atendesse confissões durante 12 horas por dia e reservasse um tempo apenas para a missa e as orações; que fizesse pouco uso do sono e alimentação? -Estaria precisando de terapia, certamente, diriam alguns. Outros, talvez, o considerasse fraco da cabeça. Ainda mais sabendo que tal padre teve sérias dificuldades nos estudos e chegou aos vinte anos com dificuldades até para escrever... Alguns mais “sensatos” postulariam contra a ordenação de um jovem assim. Outros talvez, fizessem piadas ou criassem “memes” (situações engraçadas que viralizassem na internet) com sua figura. Pois, bem. Estamos falando de um dos padres mais santos da história: - São João Maria Vianney, também chamado de Cura D’Ars.
São João Maria Vianney nasceu na França em uma das épocas mais difíceis para a Igreja que foi a época da Revolução Francesa. Nasceu de uma família pobre no dia 08 de maio de 1786. A data de referência para a Revolução Francesa foi 1789 com a tomada da bastilha – uma fortaleza situada em Paris – pelos revolucionários. Em 1790 foi criada a Constituição Civil do Clero. Desde então, os párocos deveriam prestar um “juramento” à constituição. A partir de então, eles passariam a ser uma espécie de funcionários públicos do estado e afrouxariam as relações com Roma. Seriam eleitos pelo povo e pagos pelo estado. Alguns padres se negaram a fazer esse juramento. Eram os “refratários”. Isso gerou uma profunda divisão na sociedade. Alguns padres eram fiéis ao papa e outros ao estado. A guilhotina nunca trabalhou tanto como nesse tempo! Seminários foram fechados, padres e bispos foram perseguidos e mortos. Alguns buscaram a clandestinidade e outros enfrentaram o martírio.
João Maria teve seis irmãos. Era de família pobre e apesar disso procurava socorrer os mais pobres e perseguidos. Na Igreja de sua aldeia passaram padres juramentados e refratários. A família Vianney chegou, inclusive, a ocultar alguns sacerdotes perseguidos pelo estado. Dardilly, sua terra natal, situada dez quilômetros à norte de Lião era relativamente tranquila, mas era atravessada, constantemente, pelas tropas republicanas. Aos doze anos seus pais o enviaram para fazer a primeira comunhão em Ecully, povoado localizado a seis quilômetros distante de sua casa. A celebração foi conduzida por um padre refratário. Para não despertar a suspeita de ninguém durante a celebração uma grande carreta de feno foi colocada diante da casa. Nesse ambiente de clandestinidade quinze crianças, entre elas o pequeno Vianney recebeu a Eucaristia pela primeira vez.
O tempo de São João Maria Vianney foi marcado pelo fanatismo e pela violência. Foi um verdadeiro tempo de terror para a Igreja Católica. Igrejas foram apedrejadas, padres forçados a abandonar o sacerdócio, imagens religiosas destruídas... O culto religioso cedia lugar a um culto pagão à deusa razão sob cujo altar se sacrificou centenas de vidas. Tudo em nome da Igualdade, liberdade e fraternidade...
Um dos padres que mais influenciou São João Maria Vianney foi Pe. Carlos Balley, um padre refratário, que teve sua Ordem (Agostiniana) diluída depois da Constituição Civil do Clero. Ele tornou-se pároco em Ecully em 1803. Corajoso e destemido, acolheu em sua casa um jovem ( Matias Loras) cujo pai havia sido assassinado pela revolução. Na época, muitos seminários foram fechados. Apesar das dificuldades, Pe. Balley acolheu em sua casa, na condição de aspirante o jovem João Maria Vianney. Isso aconteceu pela insistência do cunhado de João (Jacques Melin), um dos membros de sua família que mais o apoiou em sua decisão. Seu pai era contra o fato de João buscar a vida sacerdotal. Aceitar João como aspirante à vida religiosa, com suas dificuldades nos estudos, de fato, foi um ato de coragem de Pe. Balley. Durante três anos João estuda francês e latim sem muito sucesso. Fez então, uma promessa: Ir à pé, em peregrinação a Lá Louvesc (100 km), rezar sobre o túmulo de São Francsico Régis, um santo popular em seu tempo. Durante a viagem deveria mendigar comida. Coitado! Chegou esgotado ao final da peregrinação e teve que pedir ajuda para o retorno a casa. A promessa teve que ser substituída e as dificuldades nos estudos continuaram...
Em 1809, Napoleão Bonaparte, estava ameaçado de todos os lados. Lutava na guerra da Espanha e, ao mesmo tempo, enfrentava a Prússia e Áustria. Por isso, necessitou de mais soldados e antecipou o recrutamento de 1810. Os recrutas dos anos anteriores, poupados pelo sorteio, também foram convocados. Na mesma época o conflito entre Napoleão e o Papa Pio VII estava forte. Os jovens católicos carregavam verdadeiro drama de consciência. Era difícil lutar do lado de quem estava contra o chefe da Igreja. João Maria Vianney se inspirava em Pe. Balley que era refratário (contra a revolução). Então, se fosse necessário ele também desobedeceria as ordens do governo. E foi o que aconteceu. Aproveitando o fato de ter ficado para trás de sua turma em razão de uma doença, acabou fugindo e permaneceu muito tempo foragido na casa de uma viúva (Claudina Fayot). Na ocasião adotou um nome falso. Quando isso ocorria, a família do foragido pagava muito caro. Mateus Vianney, seu pai teve que pagar multas caras e teve que hospedar vários soldados em sua casa. Isso o distanciou mais ainda do filho foragido. O drama continuou mais de um ano até que seu irmão mais novo o substituiu junto ao exército de Napoleão e seu pai pagou as multas previstas. João Francisco, seu irmão partiu para a Alemanha e desapareceu em 1813.
No dia 08 de fevereiro de 1811 morre a mãe de São João Maria Vianney. No mês seguinte ele retorna a casa paterna e foi acolhido, friamente, pelo pai. Por isso, apressou-se na ida para Écully no encontro com Pe. Balley. Quanto ao seu irmão que desapareceu afirmava sempre: Ele morreu em meu lugar... Foram duas perdas que ele jamais esqueceu: A mãe, a quem ele amava com extrema ternura e o irmão que o substituiu no exército de Napoleão...
Deus tem os seus caminhos. São João Maria Vianney, fugiu do exército francês para servir a Cristo e o serviu melhor que ninguém. Por isso, é considerado modelo de sacerdote e de padre para todos nós.
OBS: As informações contidas nesse texto foram tiradas do livro citado abaixo:
JOULIN, Marc. A Vida do Cura D’Ars. Loyola, SP - 1986
São João Maria Vianney nasceu na França em uma das épocas mais difíceis para a Igreja que foi a época da Revolução Francesa. Nasceu de uma família pobre no dia 08 de maio de 1786. A data de referência para a Revolução Francesa foi 1789 com a tomada da bastilha – uma fortaleza situada em Paris – pelos revolucionários. Em 1790 foi criada a Constituição Civil do Clero. Desde então, os párocos deveriam prestar um “juramento” à constituição. A partir de então, eles passariam a ser uma espécie de funcionários públicos do estado e afrouxariam as relações com Roma. Seriam eleitos pelo povo e pagos pelo estado. Alguns padres se negaram a fazer esse juramento. Eram os “refratários”. Isso gerou uma profunda divisão na sociedade. Alguns padres eram fiéis ao papa e outros ao estado. A guilhotina nunca trabalhou tanto como nesse tempo! Seminários foram fechados, padres e bispos foram perseguidos e mortos. Alguns buscaram a clandestinidade e outros enfrentaram o martírio.
João Maria teve seis irmãos. Era de família pobre e apesar disso procurava socorrer os mais pobres e perseguidos. Na Igreja de sua aldeia passaram padres juramentados e refratários. A família Vianney chegou, inclusive, a ocultar alguns sacerdotes perseguidos pelo estado. Dardilly, sua terra natal, situada dez quilômetros à norte de Lião era relativamente tranquila, mas era atravessada, constantemente, pelas tropas republicanas. Aos doze anos seus pais o enviaram para fazer a primeira comunhão em Ecully, povoado localizado a seis quilômetros distante de sua casa. A celebração foi conduzida por um padre refratário. Para não despertar a suspeita de ninguém durante a celebração uma grande carreta de feno foi colocada diante da casa. Nesse ambiente de clandestinidade quinze crianças, entre elas o pequeno Vianney recebeu a Eucaristia pela primeira vez.
O tempo de São João Maria Vianney foi marcado pelo fanatismo e pela violência. Foi um verdadeiro tempo de terror para a Igreja Católica. Igrejas foram apedrejadas, padres forçados a abandonar o sacerdócio, imagens religiosas destruídas... O culto religioso cedia lugar a um culto pagão à deusa razão sob cujo altar se sacrificou centenas de vidas. Tudo em nome da Igualdade, liberdade e fraternidade...
Um dos padres que mais influenciou São João Maria Vianney foi Pe. Carlos Balley, um padre refratário, que teve sua Ordem (Agostiniana) diluída depois da Constituição Civil do Clero. Ele tornou-se pároco em Ecully em 1803. Corajoso e destemido, acolheu em sua casa um jovem ( Matias Loras) cujo pai havia sido assassinado pela revolução. Na época, muitos seminários foram fechados. Apesar das dificuldades, Pe. Balley acolheu em sua casa, na condição de aspirante o jovem João Maria Vianney. Isso aconteceu pela insistência do cunhado de João (Jacques Melin), um dos membros de sua família que mais o apoiou em sua decisão. Seu pai era contra o fato de João buscar a vida sacerdotal. Aceitar João como aspirante à vida religiosa, com suas dificuldades nos estudos, de fato, foi um ato de coragem de Pe. Balley. Durante três anos João estuda francês e latim sem muito sucesso. Fez então, uma promessa: Ir à pé, em peregrinação a Lá Louvesc (100 km), rezar sobre o túmulo de São Francsico Régis, um santo popular em seu tempo. Durante a viagem deveria mendigar comida. Coitado! Chegou esgotado ao final da peregrinação e teve que pedir ajuda para o retorno a casa. A promessa teve que ser substituída e as dificuldades nos estudos continuaram...
Em 1809, Napoleão Bonaparte, estava ameaçado de todos os lados. Lutava na guerra da Espanha e, ao mesmo tempo, enfrentava a Prússia e Áustria. Por isso, necessitou de mais soldados e antecipou o recrutamento de 1810. Os recrutas dos anos anteriores, poupados pelo sorteio, também foram convocados. Na mesma época o conflito entre Napoleão e o Papa Pio VII estava forte. Os jovens católicos carregavam verdadeiro drama de consciência. Era difícil lutar do lado de quem estava contra o chefe da Igreja. João Maria Vianney se inspirava em Pe. Balley que era refratário (contra a revolução). Então, se fosse necessário ele também desobedeceria as ordens do governo. E foi o que aconteceu. Aproveitando o fato de ter ficado para trás de sua turma em razão de uma doença, acabou fugindo e permaneceu muito tempo foragido na casa de uma viúva (Claudina Fayot). Na ocasião adotou um nome falso. Quando isso ocorria, a família do foragido pagava muito caro. Mateus Vianney, seu pai teve que pagar multas caras e teve que hospedar vários soldados em sua casa. Isso o distanciou mais ainda do filho foragido. O drama continuou mais de um ano até que seu irmão mais novo o substituiu junto ao exército de Napoleão e seu pai pagou as multas previstas. João Francisco, seu irmão partiu para a Alemanha e desapareceu em 1813.
No dia 08 de fevereiro de 1811 morre a mãe de São João Maria Vianney. No mês seguinte ele retorna a casa paterna e foi acolhido, friamente, pelo pai. Por isso, apressou-se na ida para Écully no encontro com Pe. Balley. Quanto ao seu irmão que desapareceu afirmava sempre: Ele morreu em meu lugar... Foram duas perdas que ele jamais esqueceu: A mãe, a quem ele amava com extrema ternura e o irmão que o substituiu no exército de Napoleão...
Deus tem os seus caminhos. São João Maria Vianney, fugiu do exército francês para servir a Cristo e o serviu melhor que ninguém. Por isso, é considerado modelo de sacerdote e de padre para todos nós.
OBS: As informações contidas nesse texto foram tiradas do livro citado abaixo:
JOULIN, Marc. A Vida do Cura D’Ars. Loyola, SP - 1986
GOSTARIA DE SABER MAIS SOBRE A VIDA DE PADRE BALLEY.
ResponderExcluirEXISTE ALGUMA BIOGRAFIA DELE, OU OUTRA FORMA DE CONHECER MAIS SOBRE ELE?
Lindo texto.
ResponderExcluirQue São João Maria Vianey abençoe÷ proteja o senhor Padre Gabriel e a todos os Padres!
ResponderExcluir..."Deus tem os seus caminhos. São João Maria Vianney, fugiu do exército francês para servir a Cristo e o serviu melhor que ninguém. Por isso, é considerado modelo de sacerdote e de padre para todos nós."..
ResponderExcluirDeus e seus mistérios! Jamais vamos entender, só confiar e seguir o caminho. Lendo a vida deste querido santo pensei em Padre Liberio. Sua vida também foi difícil, não fazia grandes homilias, teve dificuldade em estudar, em entrar para o seminário...Mas o Senhor fez e faz maravilhas com quem se abre ao serviço do Reino. E hoje dia do padre, quero agradecer ao senhor Padre Gabriel, nosso pastor pelo carinho, pelas catequeses, e pedir muita sabedoria, perseverança e paciência para com o rebanho . Deus o abençoe sempre!!!
ResponderExcluirQuanto sofrimento e mesmo assim não desistiu de servir a Deus e aos pobres, que descanse em paz,e que sua fé e perseverança, seja exemplo para todos nós.
ResponderExcluirImpressionante conhecer mais sobre São João Maria Vianney. Quantos atravessamentos! Que bom conhecer mais sobre sua história, e quão inspirador é sua história.
ResponderExcluirA história de vida deste santo nos encanta. O seu coração era pleno de amor e se foi desacreditado intelectualmente surpreendeu pela sua virtude maior, a de servir os irmãos .
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