São Vicente de Paulo: Um anjo de Deus, junto aos prisioneiros de seu tempo.
Quando falamos de São Vicente de Paulo, lembramos logo dos pobres. Isso está correto. Mas, mesmo entre os pobres existem os últimos... Na...
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Quando falamos de São Vicente de Paulo, lembramos logo dos pobres. Isso está correto. Mas, mesmo entre os pobres existem os últimos... Na França de seu tempo, esses últimos pobres eram as crianças e os prisioneiros.
As prisões naquele tempo (1618) eram um horror. Os presos viviam amontoados em subterrâneos úmidos se insalubres. Muitos permaneciam acorrentados às muralhas como se fossem feras. Todos permaneciam seminus, se alimentado de pão e água e sendo devorados por bicheiras. As costas ficavam sempre descobertas para as chicotadas dos guardas. O Séc XVII era muito cruel com os prisioneiros. Visitando aquelas prisões São Vicente se torturava por dentro. Não suportava ver tanta falta de humanidade. Após visitar uma dessas prisões foi às pressas ter com o general das galeras e descreveu em termos vivos o estado de abandono físico e moral dos condenados. Disse que esses infelizes estavam sob os cuidados do governo e que as autoridades teriam que prestar contas a Deus por tamanha violência.
Visitando as prisões São Vicente conversava com os presos. Muitos nunca haviam conversado antes, com um sacerdote. Alguns eram furiosos e blasfemavam contra Deus e o mundo. A ternura de Padre Vicente acalmava o ambiente e muitos retomavam as esperanças perdidas. A compaixão de Vicente não tinha limites. Chegou a adquirir um hospital desativado próximo à Igreja de São Roque para transformá-lo, após uma reforma, em um presídio mais decente. Em 1618, conseguiu uma ajuda do Bispo de Paris para manter tal presídio, onde os presos pudessem alimentar e fossem tratados com mais dignidade.
O trabalho zeloso de São Vicente, junto aos prisioneiros chamou a atenção das autoridades da época. O Rei Luis XIII chamou o general das galeras para se informar melhor sobre Vicente. Encantado com esse trabalho o rei quis estendê-lo para todo o Reino da França. Então, criou no dia 08 de fevereiro de 1618 o cargo de Capelão Geral das Galeras de França e nomeou São Vicente para ocupar tal cargo. Para isso, destinou-lhe um pagamento de seiscentas libras por ano e o posto de Oficial da Marinha tendo sob suas ordens todos os demais capelães. O que ele sempre fizera por caridade a partir de então o fará por dever e contará com recursos para aliviar as dores dos condenados.
No posto de Capelão Oficial das Galeras, procurou visitar todas as Galeras para ver de perto a situação dos condenados no Mediterrãneo. As Galeras eram navios ligeiros que mediam 60 metros de cumprimento. Eram manobrados por 300 remadores e armados de 05 canhões. Tinham um duplo convés: um para 100 soldados e o outro ornado de veludo para os oficiais. À flor d’água os remadores amarrados pelos pés tocavam pesados remos. Em cada banco 05 condenados, que remavam a exaustão. Se algum morresse, era simplesmente lançado ao mar. Tais Galeras eram usadas para defesa do território, para afundar barcos inimigos e outras funções militares. Os prisioneiros ( galés) eram destinados à remar tais embarcações. Com havia muito interesse nessa mão de obra escrava, muitos recebiam longas condenações apenas para servir de mão de obra barata para o rei.
Os biógrafos de São Vicente contam um ato heroico do santo numa dessas visitas às Galeras. Certa vez, ao ver, exausto, um dos remadores, Vicente não suportou tanta crueldade e o substituiu naquela função. Alguns dizem que ele permaneceu com o pé esquerdo inchado durante muito tempo por causa disso. Assim como os demais prisioneiros ele também aceitou uma algema no tornozelo que o prendia à embarcação. Esse fato heroico foi citado por Clemente XII na bula de canonização de São Vicente de Paulo.
Olhando para esse exemplo de São Vicente de Paulo podemos questionar muita coisa ainda hoje. O Sistema Carcerário mudou. Mas, não deixa de ser cruel e não prepara a pessoa para a ressocialização após o cumprimento da pena. Os detentos ainda estão entre os esquecidos de nossa sociedade que só se lembra deles quando fazem rebeliões. O “Massacre do Carandiru”, ocorrido em São Paulo em 1992, quando morreram 111 presos, até hoje continua reivindicando justiça para suas vítimas. O que São Vicente de Paulo diria da timidez de nossas pastorais quando se trata de defender os mais fracos? Vicente de Paulo escutou, como ninguém, o alerta de Jesus: - Estive preso e me visitastes... Precisamos seguir seu exemplo de amor aos últimos dos últimos.
Que ele nos abençoe!
Fonte de Consulta para esse texto:
Castro, Jerônimo - Padre. São Vicente de Paulo - e a Magnificência de Suas Obras. Vozes, Petrópolis, RJ - 1957
As prisões naquele tempo (1618) eram um horror. Os presos viviam amontoados em subterrâneos úmidos se insalubres. Muitos permaneciam acorrentados às muralhas como se fossem feras. Todos permaneciam seminus, se alimentado de pão e água e sendo devorados por bicheiras. As costas ficavam sempre descobertas para as chicotadas dos guardas. O Séc XVII era muito cruel com os prisioneiros. Visitando aquelas prisões São Vicente se torturava por dentro. Não suportava ver tanta falta de humanidade. Após visitar uma dessas prisões foi às pressas ter com o general das galeras e descreveu em termos vivos o estado de abandono físico e moral dos condenados. Disse que esses infelizes estavam sob os cuidados do governo e que as autoridades teriam que prestar contas a Deus por tamanha violência.
Visitando as prisões São Vicente conversava com os presos. Muitos nunca haviam conversado antes, com um sacerdote. Alguns eram furiosos e blasfemavam contra Deus e o mundo. A ternura de Padre Vicente acalmava o ambiente e muitos retomavam as esperanças perdidas. A compaixão de Vicente não tinha limites. Chegou a adquirir um hospital desativado próximo à Igreja de São Roque para transformá-lo, após uma reforma, em um presídio mais decente. Em 1618, conseguiu uma ajuda do Bispo de Paris para manter tal presídio, onde os presos pudessem alimentar e fossem tratados com mais dignidade.
O trabalho zeloso de São Vicente, junto aos prisioneiros chamou a atenção das autoridades da época. O Rei Luis XIII chamou o general das galeras para se informar melhor sobre Vicente. Encantado com esse trabalho o rei quis estendê-lo para todo o Reino da França. Então, criou no dia 08 de fevereiro de 1618 o cargo de Capelão Geral das Galeras de França e nomeou São Vicente para ocupar tal cargo. Para isso, destinou-lhe um pagamento de seiscentas libras por ano e o posto de Oficial da Marinha tendo sob suas ordens todos os demais capelães. O que ele sempre fizera por caridade a partir de então o fará por dever e contará com recursos para aliviar as dores dos condenados.
No posto de Capelão Oficial das Galeras, procurou visitar todas as Galeras para ver de perto a situação dos condenados no Mediterrãneo. As Galeras eram navios ligeiros que mediam 60 metros de cumprimento. Eram manobrados por 300 remadores e armados de 05 canhões. Tinham um duplo convés: um para 100 soldados e o outro ornado de veludo para os oficiais. À flor d’água os remadores amarrados pelos pés tocavam pesados remos. Em cada banco 05 condenados, que remavam a exaustão. Se algum morresse, era simplesmente lançado ao mar. Tais Galeras eram usadas para defesa do território, para afundar barcos inimigos e outras funções militares. Os prisioneiros ( galés) eram destinados à remar tais embarcações. Com havia muito interesse nessa mão de obra escrava, muitos recebiam longas condenações apenas para servir de mão de obra barata para o rei.
Os biógrafos de São Vicente contam um ato heroico do santo numa dessas visitas às Galeras. Certa vez, ao ver, exausto, um dos remadores, Vicente não suportou tanta crueldade e o substituiu naquela função. Alguns dizem que ele permaneceu com o pé esquerdo inchado durante muito tempo por causa disso. Assim como os demais prisioneiros ele também aceitou uma algema no tornozelo que o prendia à embarcação. Esse fato heroico foi citado por Clemente XII na bula de canonização de São Vicente de Paulo.
Olhando para esse exemplo de São Vicente de Paulo podemos questionar muita coisa ainda hoje. O Sistema Carcerário mudou. Mas, não deixa de ser cruel e não prepara a pessoa para a ressocialização após o cumprimento da pena. Os detentos ainda estão entre os esquecidos de nossa sociedade que só se lembra deles quando fazem rebeliões. O “Massacre do Carandiru”, ocorrido em São Paulo em 1992, quando morreram 111 presos, até hoje continua reivindicando justiça para suas vítimas. O que São Vicente de Paulo diria da timidez de nossas pastorais quando se trata de defender os mais fracos? Vicente de Paulo escutou, como ninguém, o alerta de Jesus: - Estive preso e me visitastes... Precisamos seguir seu exemplo de amor aos últimos dos últimos.
Que ele nos abençoe!
Fonte de Consulta para esse texto:
Castro, Jerônimo - Padre. São Vicente de Paulo - e a Magnificência de Suas Obras. Vozes, Petrópolis, RJ - 1957