Docilidade

Numa manhã de sol luminoso aquele pescador não conseguia esconder sua decepção. Estava dobrando as redes e só pensava em descansar um pou...

Numa manhã de sol luminoso aquele pescador não conseguia esconder sua decepção. Estava dobrando as redes e só pensava em descansar um pouco para retomar ao trabalho na noite seguinte. Profundo conhecedor do mar, não conseguia entender o fracasso daquela noite. Tinha sido uma noite como as outras: fria e calma. Na superfície do mar até podia-se ver o reflexo das estrelas que dançavam ao balanço das ondas. Mas, não havia muito romantismo no coração daquele homem espremido pelas necessidades. O peixe deveria ser arrancado das águas! A morte dos peixes garantia a vida do pescador.  Por isso, Pedro, esse era o nome do pescador, sempre rezava agradecido pelo que Deus lhe dava. Do “Mar da Galiléia” muitos  pobres tiravam o próprio sustento.  Mas, naquela noite tudo fora diferente. As redes voltavam à superfície trazendo, no máximo, alguns galhos e troncos arrancados.

Os primeiros raios do sol denunciavam o avançar das horas. O estômago reclamava um pouco de comida e as pernas pediam descanso. Pedro não tinha uma companhia de pesca como nos tempos modernos. Certamente, possuía um barco simples que dependia de muita força bruta para comandá-lo. Os pescadores ficavam, praticamente, nus à noite toda, pois precisavam descer às águas constantemente;  então, não venciam tirar tantas roupas. Com a decisão tomada de voltar para casa Pedro encaminhou o barco para próximo ao litoral.

Na beira da praia havia algo de diferente naquele dia. Um amontoado de gente parecia ouvir um discurso. Mas, envolvido pelo trabalho de dobrar aquelas redes quilométricas, Pedro não deu muita atenção. Quando o trabalho estava quase finalizado o “moço” que discursava ao povo, pediu para subir em seu barco, talvez para ter mais comodidade, já que o povo o apertava em terra. Isso não tinha nada demais só iria atrasar alguns minutinhos. Mas, logo no início Pedro viu grande diferença naquele moço e soube que seu nome era Jesus, um líder religioso que atraia muita admiração do povo. Procurou observá-lo mas ficava constrangido quando Jesus voltava o olhar para ele, pois não passava de um pescador fracassado depois de uma noite toda de trabalho.

O tempo passou rápido e Pedro quase não percebeu quando Jesus pediu-lhe para afastar o barco para águas mais profundas. Não entendeu a razão do pedido, mas, viu que era melhor atender ao Mestre. Pedro já havia notado uma autoridade diferente em Jesus. Ficou meio desanimado quando Jesus pediu-lhe para lançar as redes na água. Afinal, ele é que era o pescador. Sabia que naquele dia o mar não estava para peixes. Só estendeu as redes por docilidade, pois a voz de Jesus era tão bonita que o convenceu a fazer isso. Não imaginou que as redes fossem, rapidamente, colhendo tantos peixes. Ficou assustado. Chamou os companheiros. Viu que algo estranho acontecia ali. Seu barco, antes vazio, agora em pouco tempo estava cheio de grandes peixes. Então prostrou-se diante de Jesus e confessou seus pecados. Definitivamente não merecia aquele favor tão especial. Jesus deu apenas um sorriso e depois disse: - Quero sua companhia. Você será pescador de homens... Pedro não entendeu bem nada disso, mas, não podia mais separar daquele homem.  Nunca viu coisa igual. Ele dava ordem ao mar, aos peixes, aos ventos. Pedro ficou tão impressionado que largou o barco, as redes e procurou ficar sempre perto daquele homem, que sendo daquele jeito era mais do que um simples homem. Só podia ser Deus!

Pedro nunca mais se esqueceu daquele encontro na praia. Um encontro que mudou completamente sua vida. Só depois de velho percebeu que Jesus não queria seu barco. Queria ele próprio. O peixe pescado naquele dia fora ele mesmo. Entendeu a partir daquele dia, que sem Jesus toda pesca é infrutífera. Sem ele nada fazia sentido...

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