Os três conselhos

A crônica de hoje, me veio de graça, através de meu amigo Oscar, também conhecido como “Oscarzinho” entre os parentes. No alto de sua...


A crônica de hoje, me veio de graça, através de meu amigo Oscar, também conhecido como “Oscarzinho” entre os parentes. No alto de sua sabedoria, já conquistada pela experiência de vida, ele me relatou uma das estórias que marcou sua infância.  

Quando criança me aconteceu uma cena que nunca me saiu da cabeça, disse Oscar.  Eu e meu pai fomos à uma festa na casa do vizinho lá pelas bandas do Jequitibá. Naquele tempo, os homens ficavam na sala e as mulheres na cozinha. Os meninos ficavam, literalmente,  perdidos entre os dois grupos. Naquele dia optei por ficar no meio dos homens. Aí meu padrinho me puxou de lado, de forma quase solene, e disse-me: Olhe,  Oscarzinho,  vou lhe dar três conselhos para você nunca mais se esquecer:

 Primeiro: Um homem, de verdade, jamais deve andar sem dinheiro no bolso. Sem dinheiro todo mundo vai querer pisar nele;

 Segundo: O homem deve beber uma bebida cara. Só assim vai se dar bem entre os amigos, e matar de inveja os inimigos... 
A essa altura da conversa eu já estava morrendo de curiosidade para saber qual seria o terceiro conselho. E ele me veio sem demora.

- Homem que é homem nunca pode ter uma só mulher. Eu mesmo tenho duas e já estou partindo para a terceira. 
Confesso que, naquele tempo, não entendi muito bem a extensão dos conselhos. Só me lembro de que ao final da festa acabei vomitando e passando muito mal, pois acabei provando a tal bebida cara, apesar dos limites da idade.

O tempo passou, eu me mudei de cidade e acabei me distanciando de toda aquela gente, continuou Oscar. Depois de muitos anos retornei àquelas bandas com meu pai. Na estrada vi um senhor, já idoso, assentado sobre um pequeno latão de leite. O ambiente era de pura desolação! Tal foi minha surpresa quando percebi que aquele personagem era meu padrinho. Isso mesmo, o tal que me dera os três conselhos, que ainda permaneciam vivos em minha memória. Na volta parei o carro e ofereci a ele uma carona até seu destino. Ele subiu à caminhonete levando a lata de leite e um cacho de bananas para vender. Conversa vai, conversa vem e ele me perguntou se ainda me lembrava dos três conselhos e se havia os  colocado  em prática.  Olhe, padrinho, eu lhe disse, confessou Oscar: - Os dois primeiros conselhos eu procurei colocar em prática, mas quanto às mulheres, preferi ficar com uma só... Ele retrucou: - Ainda bem, meu filho. Confesso, que errei ao dar-lhe esse conselho. Você está vendo aquela fazenda cheia de gados? – Pois é. Era minha. Lembra-se dos carros que eu possuía? Pois é. Agora ando à pé ou de carona. Sabe o que aconteceu? As mulheres levaram tudo o que eu tinha. Eu quis ter três e hoje não tenho nenhuma.  Bem feito. Continue assim! Mais vale um passarinho na mão do que três voando...

Oscar contou-me essa estória e a gente riu muito ao final. Pedi autorização para publicá-la aqui, e por isso, nasceu esse texto. É uma história que fala da realidade de muita gente.  Quantos homens perderam tudo na vida por não se contentarem com apenas uma mulher? E olhe que, às vezes, fizeram mau negócio! Deixaram um banquete em casa para comer sanduíches na rua...  

Nosso amigo Jésus Geraldo, “filósofo” da Rádio Santa Cruz, costuma afirmar que existem duas coisas que matam um velho: Mulher nova e friagem na cacunda...  Esse conselho do Jésus Geraldo pode ser complementado com o relato verídico do Oscar. 

Na verdade não são as mulheres que matam, mas a própria inconsequência humana...
Se você quer ter vida longa e feliz, então pense bem! Não vá acatando qualquer conselho por aí. 

Um abraço a todos!

Imagem de Ben Kerckx por Pixabay 

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