Ficar com Jesus ou fugir

É muito interessante a passagem bíblica de São João (Jo 6, 60-69), que mostra um pequeno diálogo entre Jesus e seus discípulos. Esse di...


É muito interessante a passagem bíblica de São João (Jo 6, 60-69), que mostra um pequeno diálogo entre Jesus e seus discípulos. Esse diálogo segue após as afirmações de Jesus sobre o pão da vida. Ele havia dito: Meu corpo é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida... Ao ouvir isso, alguns discípulos acharam a conversa pesada demais para a ocasião: “ – Como pode esse homem dar-nos de comer a sua carne?”

Jesus havia falado da profunda comunhão que deveria existir entre ele e seus discípulos. Comunhão significa cumplicidade e pacto verdadeiro. Jesus quer “formar uma só carne” com aquele que dele se alimenta.

Diante dessa fala de Jesus podemos perceber dois grupos de ouvintes com reações diferentes. Um grupo, decepcionado pôs-se em fuga. Não queriam saber desse tipo de exigência. Melhor seria um “Deus de consumo” que se ajustasse às suas necessidades imediatas. Outro grupo, representado por Pedro fez uma belíssima afirmação: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.”

Penso que, ainda hoje, temos esses dois grupos na sociedade. Temo que o primeiro seja maior do que o segundo. Muita gente,  busca um deus apenas para uso e consumo, um deus que os satisfaça e os atenda com data e hora marcada. Veem a religião como um supermercado aonde se vai e se adquire o que precisa só retornando quando a mercadoria acaba. Se em alguma Igreja não encontram o produto desejado, buscam-no em outra e mais outras... Esse grupo não quer compromisso com a fé. Busca uma religião que atenda apenas ao seu interesse individual. Uma vez que o “milagre” foi alcançado vira as costas e foge como alguns dos discípulos da passagem bíblica em questão.

Felizmente existe também outro grupo formado por aqueles  que se parecem com Pedro. Esse grupo sabe que “sem Deus a vida é burra”. Assim, se referia o jagunço Riobaldo, personagem do escritor mineiro, Guimarães Rosa. O segundo grupo de discípulos, sabe que se não “comer a carne e beber o sangue de Cristo” não haverá comunhão com Ele. Sem essa comunhão, a vida torna-se um fardo pesado e o caminhar do discípulo perde o sentido. Esse grupo não corre atrás de milagres, prosperidade, ou coisa parecida. O prazer consiste em estar com Deus, sem nada d’Ele exigir. A religião não é vista como supermercado, mas como lugar de sentido para a existência.

Ficar com Cristo ou fugir? Essa é uma questão que deveria preocupar aquele que se propõe a ser discípulo do Mestre. Cristo não promete facilidades àqueles que o seguem. Promete cem vezes mais nesse mundo e a vida eterna! Fugir também é uma opção que Deus respeita. Afinal Ele nos criou com liberdade até para fugir dele. Imagino que, sendo Pai amoroso, Ele fica triste com nossas constantes fugas. Mas, apesar delas está sempre disposto a nos perdoar e nos reintegrar no seu coração. 
Pense nisso!

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