Os melhores contos da literatura brasileira
Imagem de Myriam Zilles por Pixabay Tenho um amigo padre, com quem divido residência, que carrega sempre consigo um cestinho d...
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Imagem de Myriam Zilles por Pixabay |
Nessa primeira parte do livro
precisei da companhia de um dicionário. As palavras rebuscadas e as expressões
estrangeiras deram o tom em quase todos os contos. No conto de João do Rio, “O
bebê de tarlatana rosa”, recorri ao dicionário 15 vezes! As palavras e expressões
estrangeiras foram uma diversão à parte: Chauffeur (que a gente acaba falando “chofer”
mesmo), “rendez-vous” ( que falamos “rendevu”), e daí por diante. O destaque na
seleção de contos desse período, em minha opinião, foi o conto de Lima Barreto,
“Nova Califórnia” que acabou sendo adaptado para a novela “Fera Ferida” da Rede
Globo.
Na seleção de contos que vão de
1940 a 1950, o destaque fica para o lirismo e há um puxado para o romance e a
poesia. Na época o passado rural começa a desaparecer e torna-se objeto de pura
nostalgia. A linguagem do conto brasileiro amadureceu nessa época e ficou mais
próxima do cotidiano das pessoas. O destaque do período vai para o conto: “As
mãos de meu filho”, de Érico Veríssimo. Ele conta a história de Dona Margarida,
uma simples costureira, esposa de um marido beberrão, que foi assistir a uma
apresentação musical de seu filho “Bertinho”. Bertinho era o orgulho da vida de
Dona Margarida. O marido, uma verdadeira “mala” que envergonhava a todos...
Outro conto que merece destaque, foi escrito nesse período por Anibal Machado:
- “Viagem aos seios de Duília”. Ele conta a aventura de um funcionário público
que, após a aposentadoria, deixa tudo no Rio de Janeiro e vai ao encontro de um
grande amor do passado no interior de Minas... O que aconteceu? Só lendo para
saber.
Na década de 60, não dá para
ignorar Clarisse Lispector e Rubem Fonseca. Clarice em seu conto: “Uma galinha”,
tenta ver o mundo a partir do olhar de uma galinha, assustada, ao ver a
proximidade de ser assassinada num dia qualquer. A partir daí ela cria um
mundo! O final da galinha será o mesmo de quase todas as galinhas apesar de sua
fuga tresloucada...
Rubem Fonseca escreve com “bisturi”.
Seus contos costumam doer porque ele não maquia a realidade e nos mostra a
mesma, tal como ela é. Quem espera final feliz rasga a página do livro. Chega a
doer a maneira como ele retrata a violência e a indiferença que marca a relação
entre as pessoas. Os contos desse período falam de uma realidade urbana marcada
por conflitos psicológicos e sociais. Não há lugar para o lirismo, romantismo e
inocência... Alguns dos contos de Rubem Fonseca vão também para a década
seguinte. Entre eles: Passeio Noturno que foi dividido em duas partes
igualmente doloridas para o leitor mais sensível.
A década de 70 foi chamada pelo
organizador dos contos de: “década passional”.
Ela foi marcada pela ditadura militar, violência política e social e
grande ímpeto revolucionário. Isso, naturalmente, deu o colorido para nossa boa
literatura. Nesse período podemos mencionar a grande contribuição de Minas
Gerais com seus escritores: Fernando Sabino, Otto Lara Rezende, Adélia Prado e
outros.
Nesse artigo não poderei
prosseguir com meus comentários. Ainda estou percorrendo os textos. Assim que
terminar essa sadia “vagabundagem”, prometo dividir mais alguns comentários com
você. Um abraço.
Que dica ótima! Vou ver se na biblioteca Municipal tem ..sou fã de uma boa leitura 💞
ResponderExcluirDelícia ler esse texto tão fluente...
ResponderExcluirParabéns! Obriga-me a adquirir o livro e procurar nele algum Fernando Sabino, ou Ruben Braga, ou Paulo Mendes Campos, ou Drummond...