Religiosidade mineira
Foto Sérgio Oliveira A palavra me é familiar apesar de pouco usada. Trata-se da palavra “Mandraca”. Mandraca era uma das duas categ...
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Foto Sérgio Oliveira |
Os negros do garimpo, nas
cercanias de Diamantina, eram muito supersticiosos e, constantemente, faziam
rituais para diversos fins. Para fazer chover faziam procissões levando pedras
de um determinado lugar para os cemitérios... Quando o milho estava prestes a
embonecar molhavam os pés dos cruzeiros ao meio do dia. Isso
garantia a chuva tão necessária à agricultura. Quando ela não vinha, então, trocavam os santos de lugar. Tirava o São Jorge de uma Igreja, levava-o para
outra capela e punha outro santo no lugar dele. Os santos "contrariados" com essa
troca compulsória fazia a chuva descer do céu. Só então, seriam destrocados. Os
negros do garimpo tinham rituais para “fechar
o corpo” e melhorar os negócios. Para anular os poderes de um feiticeiro,
também praticavam rituais específicos:
Os interessados deveriam se
reunir em torno de uma fogueira em qualquer noite de sexta-feira. O Fogo
deveria ser alimentado com cascas de alho, folhas de guiné e fumo de corda de
baixa qualidade. O feiticeiro devia ser conduzido para perto da fogueira onde
seria defumado com as fumaças exaladas por essas ervas. Em seguida deveria
quebrar alguns ovos chocos em suas costas e aplicar-lhe uma surra com
pau-de-fumo, ou seja, os pedaços de paus usados para enrolar as cordas de
fumo... Consta que esse processo foi largamente empregado no povoado de
Quartel, quando a população resolveu acabar com as feitiçarias. Pelo visto a
coisa deu certo, mas depois de um tempo os problemas continuaram.
Um dos santos que fazia grande
sucesso naquele tempo de garimpagem foi São Sebastião. Ele é considerado o
padroeiro contra as calamidades, a peste, a fome e as guerras. Apesar de na
região não se registrar secas prolongadas e outras calamidades, São Sebastião
era cultuado assim mesmo. Em qualquer situação é melhor prevenir do que
remediar... O que havia de certo era o sofrimento da população escrava. E ela era
considerável. Apenas para lembrar, quando a Lei Áurea foi assinada em 1888, 800
mil brasileiros foram libertados. Só em Minas Gerais foram 230 mil e boa parte
desse povo concentrava-se na região de Diamantina.
O tempo passou e Minas Gerais foi
se transformando com ele. Os grandes meios de comunicação impõem sobre o Brasil
hábitos do Rio e São Paulo. Mas, apesar de toda essa pressão externa, os
elementos de nossas crenças primitivas ainda podem ser constatados entre o povo
mais simples. Não é raro você encontrar
na entrada das residências um pé de guiné ou arruda... Nas porteiras dos currais uma caveira de
vaca... Ainda se molham os pés da cruz para fazer chover e fazem promessas a
Santo Antônio para arranjar um bom casamento...
Mineiro não fala muito sobre seus
segredos. Aprendeu no garimpo a esconder o ouro. O “santo do pau oco”, talvez
sirva para ilustrar essa ideia. Por fora era uma imagem de santo tosca feita de
madeira e com pouco valor. Por dentro, estava recheada de ouro da melhor
qualidade.
Só depois de muita convivência é
que você conhece um mineiro. Ele não é o primeiro que fala e nem o que mais
aparece. Come quieto e come pelas beiradas. Mas, de bobo só tem a cara.
E olha
lá!
Tão conhecido eu não conhecia sua história.obrigado
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