Sonoridade africana

Imagem de  mrslorettarsmith0  por  Pixabay   Alguns instrumentos musicais que hoje enfeitam as nossas festas populares foram originados...

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Alguns instrumentos musicais que hoje enfeitam as nossas festas populares foram originados da África. Desembarcando em nossas terras os escravos, trouxeram consigo, além da religião, seus instrumentos musicais, alguns, inclusive, considerados sagrados. Os instrumentos sagrados são usados apenas nas celebrações. Em algumas delas, usa-se, quatro instrumentos básicos:

Tabaque ou atabaque,
agogô,
chocalho,
cabaça.

1-    Atabaque - O atabaque ou tantã foi o instrumento básico de todos os povos primitivos. Uma pele seca de animal é esticada sobre um cilindro oco que pode ter vários tamanhos. Os pequenos são chamados de batas, os grandes de ilus. Tivemos ainda os grandes atabaques de guerra os batás-cotós. Tais instrumentos foram muito usados nas revoltas dos escravos na Bahia e outras regiões. O pesquisador Artur Ramos (1), constatou três nomes diferentes para os atabaques de acordo com o seu tamanho:
Grande = Rum
Médio = Rumpi
Pequeno – Lé.

2-    Agogô - Outro instrumento de uso dos escravos é o agogô. Em nagô, akôkô, que quer dizer relógio ou medidor de tempo. O seu som é metálico e por isso é um grande marcador de compasso.

3-    Cabaça: O uso da cabaça envolvida por malhas de contas ou búzios sempre foi muito freqüente na religião dos negros. Segurada pelo gargalo com a mão direita ela é deslizada sobre a mão esquerda reproduzindo um chocalhar de pedras.

4-    Chocalho – O chocalho é feito por um cilindro de folha-de-flandres (folha de lata), dentro do qual são colocadas pequenas pedrinhas ou grãos. Esse instrumento é muito popular no Brasil e é usado em diversos tipos de músicas.

5-    Adjá – Esse é um instrumento menos conhecido.Trata-se de uma campainha de metal. Na verdade, duas campas ligadas por um pé de metal.

6-    Cuíca – Esse é um instrumento bastante popular e usado em diversos festejos. É semelhante a um tambor, com uma haste de madeira presa no centro da membrana de couro, pelo lado interno. O som é obtido friccionando a haste com um pedaço de tecido molhado e pressionando a parte externa da cuíca com dedo, produzindo um som de ronco característico.

7-    Ganzá – O ganzá pode ser feito com um gomo de bambu com talhos transversais. Às vezes foi chamado de reco-reco. Existem outros modelos que se assemelham a balainhos cheios de sementes ou pedrinhas.

8- Afofiê – Afofiê é uma pequena flauta feita de madeira, também chamado de orucungo.

9- Berimbau – O berimbau é um instrumento trazido pelos negros bantos. Ele é usado, principalmente, para acompanhar os cantos da Capoeira. É feito com um arco de madeira (tipo flecha), com as duas extremidades amarradas com um arame esticado. A esse arco, se junta metade de uma cabaça presa a ele por um cordão. A parte oca da cabaça serve para a ressonância. O cordão esticado produz uma vibração sonora ao ser tocado. Na Bahia também é conhecido por Gunga.

Esses não são os únicos instrumentos musicais que herdamos dos negros. Existem muitos outros. Seria até difícil enumerá-los. No Congado, por exemplo, são usados diversos outros instrumentos. Nossa música, atualmente, contempla uma grande diversidade de instrumentos e estilos.

Na década de 60, o mineiro Abigail de Moura, maestro e copista de partituras, da Rádio MEC, resolveu formar a primeira orquestra brasileira, com sonoridade africana (2). Assim, ele inseriu na orquestra, os instrumentos de percussão usados na religião dos negros. Trata-se da primeira Orquestra Afro-Brasileira. Na época lançou dois álbuns: Obaluayé, em 1957 e a Orquestra Afro-Brasileira em 1968. Nesse trabalho podemos perceber a soberania do tambor e de outros instrumentos de percussão, bem como dos cantos religiosos.

Obaluayé  ou Babalu, é o nome de Omolu, na Santeria Cubana. É o Orixá das doenças. Obaluàyé em  iorubá  significa "rei e senhor da terra": Oba (rei) + Aiyê (terra). A cantora brasileira, Angela Maria, gravou em 1957, uma música da cubana, Margarita Lecuona, chamada “Babalu”. Essa música fez muito sucesso na época e acabou sendo gravada posteriormente por diversos cantores.

O Brasil de hoje é resultado dessa grande mistura de povos. Nesse caldeirão cultural nossa música foi gerada. Por isso, ela contempla elementos indígenas, africanos, europeus... O cenário é rico em diversidade e contempla todos os gostos. Talvez, por isso temos grandes artistas e uma música tão bonita. Graças a Deus! A diversidade dos povos nos trouxe grandes riquezas do ponto de vista cultural.

Fontes consultadas para esse texto:

1-    Arthur Ramos. O negro brasileiro.
2- Carneiro, Edson. Religiões Negras - Negros Bantos.RJ, Civilização Brasileira, 1981.

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