Viagem dramática

Nada foi fácil, naquele dia. Parecia que o tempo conspirava contra mim. De súbito, lembrei-me, que a embarcação sairia às 19h. Eu est...



Nada foi fácil, naquele dia. Parecia que o tempo conspirava contra mim. De súbito, lembrei-me, que a embarcação sairia às 19h. Eu estava em lugar distante e já tinha adquirido as passagens de volta, pois, sabia das dificuldades de fazer isso na última hora. Não consigo fazer nada de última hora. Só “funciono” com antecedência. E agora, por alguma razão só faltavam duas horas para minha partida! O relógio tornara meu inimigo e fazia o tempo correr mais apressado que de costume.

Apesar de ter feito um propósito de não ter levar muitas malas, na viagem, acabei juntando coisas. Por isso, na volta, teria que fazer duas viagens para levar tudo aquilo até ao ponto de embarque, um prédio, que formigava de gente no centro da cidade. Quando levava as primeiras malas lembrei-me, que havia esquecido o dinheiro e os documentos para trás. Meu coração quase saia do peito. Agora sim! Mesmo que eu decidisse ir embora deixando a segunda bagagem para embarque posterior não conseguiria mais. Como poderia viajar sem lenço e sem documentos?

A família que me acolheu teve muito trabalho para me ajudar nesse embaraço todo.  Por causa disso eu também me punia. Com a cabeça quente, nem lembrava direito que lugar era aquele e o que mesmo eu fazia ali. Também não me lembrava do conteúdo das malas. Só via aquele montão de coisas para serem transportadas, com pouco tempo, até ao ponto de embarque. Nada me ajudava. Eu era o retrato vivo do desespero. Também não sabia por que tinha que partir. Só sabia que estava colocando tudo a perder.  Nesse vai e vem com malas nas costas e trombando com gente acabei me acordando com a boca seca e respiração ofegante... Para pegar no sono de novo tive que me levantar beber água e usar banheiro...

Veja você!  Faz tempo que não viajo para lugar nenhum e nem tenho a previsão disso.  Como meu inconsciente foi preparar tudo aquilo só para me torturar? Aliás, ele parece especialista nisso. Escolhe a melhor parte da noite para nos causar sofrimentos. O enredo muda, mas, o final é sempre o mesmo: a gente vai se ferrar!  Nosso inconsciente sabe como tirar o nosso sossego.  Ainda bem que escrevo. Assim me vingo dele e torno públicas suas maldades.  Estou me dispondo a ser analisado.  Não tem problemas. Escrever é se desnudar-se, sem pejo, diante do leitor. Infelizmente, eu não tenho apenas sonhos coloridos. Às vezes, são em preto e branco. E é aí que o bicho pega!

Imagem de MikesPhotos por Pixabay 

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