É proibido espirrar
Confesso que estou lascado! Sou tão alérgico que se pronunciar meu próprio nome espirro três vezes. E o pior, é que em tempos de pand...
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Confesso que estou lascado! Sou
tão alérgico que se pronunciar meu próprio nome espirro três vezes. E o pior, é
que em tempos de pandemia, ninguém pode espirrar sem sair impune. Um único
olhar dói mais que fuzilamento. Com
pandemia ou sem ela meu ritual é o mesmo. O nariz começa a coçar minar água
morna e não dá outra: Lá vem uma sequência de espirros! Procuro ser discreto
para não acordar toda a vizinhança. Quase sempre, isso acontece, ainda de manhã,
após o banho com sabonete. Qualquer
perfume me tortura.
Penso em promover um concurso de
espirros. Já vi muita criatividade nessas horas. Conheço uma senhora, de meia
idade, que ao espirrar levanta uma das pernas. Imagino que seja alguma simpatia
ou uma nova modalidade de sedução. Outro amigo procura oitavar o espirro de tal
maneira que ele sai cantado. Um terceiro age como se estivesse sofrendo um
exorcismo. Contorce todo o corpo e geme... Cada um procede de determinada
maneira na hora do espirro.
Um pescador muito sábio me disse,
certa vez, que na hora do espirro o deslocamento do ar atinge uma velocidade de
500 km por hora. Concordei com ele para não perder um amigo. Caso a informação proceda,
bastaria uma sequência de espirradores e geraria energia suficiente para
iluminar Pará de Minas inteira. Veja o que os investidores estão perdendo! Eu
poderia ser o primeiro contratado da turma. Garanto que não iriam se decepcionar...
Já chequei a cogitar que espirro
fosse algo do maligno. Hoje, sei que isso não faz sentido, pois na hora do
espirro, a gente joga pra fora um monte de coisas ruins. Cogitei essa possibilidade,
porque sempre dou crises de espirro quando abro a Bíblia ou outros livros para
rezar. O outro motivo mais sério é atender confissões em dias de “mutirão”.
Cada penitente cisma de aparecer com um perfume. Alguns aromas me dão tapas na
cara, literalmente. Confesso que cheguei a chorar depois de algumas confissões.
Mas, não foi por causa dos pecados e sim por causa dos perfumes.
Nos últimos tempos não se pode
mais espirrar em público. Quem o faz corre o risco de ter problemas com a
polícia. Então, vale alguns conselhos: Procure espirrar antes de sair de casa!
Troque de passeio ao cruzar com um perfumado. Finja um desmaio só para poder
espirrar. Mesmo assim, ninguém garante que todos sairão correndo numa velocidade
acima de 500km por hora.
Tempo bom foi aquele que se podia
espirrar sem culpas. A gente cheirava um “rapé” só para ter o orgasmo do
espirro. Esse prazer hoje está proibido. Quer levantar a perna que levante, mas
sem espirrar; quer cantar que cante desde que não espirre. Esse maldito vírus conseguiu
roubar-nos além da paz, o gozo da alma...
Outro dia, após um espirro
involuntário, senti um profundo olhar de reprovação do homem de bigode. Mas,
não deixei barato e retruquei: - Sabe que tem coisas piores que o espirro para
atrapalhar uma boa convivência, meu senhor? Não se trata de espirro, mas também
sai oitavado e põe todo mundo a correr? E, pensando bem, acho que o senhor tem
culpa no cartório! Depois desse desabafo ele saiu de fininho e eu fiquei com a
alma lavada. É assim que se desmarcara um flatulento...
Cômico! Amei.
ResponderExcluirMuito bom, realmente esse olhar de julgamento após um simples espirro é pior que tiro.
ResponderExcluirSofro da mesma Síndrome dos Espirros Múltiplos - SEM - (acabei de inventar essa síndrome pra justificar nossa mania involuntária kkkkkk) Todos os dias, sempre numa sequencia de três ou quatro disparos. E o medo de ser mal interpretado em tempos de pandemia, acaba nos jogando na clandestinidade. Que tempos são estes, em que somos clandestinos por estar espirrando? '\o/'
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