Os apóstolos não eram gurus

 

Os gurus, atualmente, estão em moda. Eles atuam na internet e buscam seguidores a qualquer preço. Vendem seus livros, quase sempre, dando receitas de sucesso e felicidade. É bem verdade, que a pandemia também os surpreenderam e, por isso,  alguns andam sumidos. Ao que parece, ensinam a ganhar dinheiro só em tempos de calmaria... Isso mesmo! A função principal dos gurus de nosso tempo é ensinar a ganhar dinheiro, subir na vida, fazer sucesso, custe o que custar. Para essa turma, os fins justificam os meios. Desde que você se dê bem, não importa muito ter que "passar a perna" nos outros.

Cada guru reivindica para si uma tradição, visando maior credibilidade pelo que dizem. Fizeram “MBA” na Getúlio Vargas, estudaram em Havard, ou viajaram para o Tibet... Quase ninguém afirma ter estado na Nigéria, Congo ou outro país pobre do planeta. Aliás, para muitos deles, esses países, simplesmente, não existem!

Os Apóstolos não eram gurus. Eles não reivindicavam os holofotes para si. Queriam apenas ser fies ao conteúdo da mensagem ensinado por Jesus. À respeito disso nos afirma o Apóstolo Pedro:

De fato, não tiramos de fábulas complicadas o que vos ensinamos sobre o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pelo Contrário, falamos porque fomos testemunhas oculares da majestade dele (2Pd 1, 16). São João completa dizendo:

O que foi desde o princípio, o que ouvimos o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da Vida (...), isso é o que vos anunciamos (1Jo1,1).

A grande preocupação dos Apóstolos era ser fiel ao ensinamento de Jesus. Nenhum deles quis ser “papagaio de pirata,” para aparecer no ombro de outro. Não queriam homenagens e nem reconhecimentos pessoais. Isso até os incomodavam bastante. Paulo chegou a rasgar as próprias vestes quando foi confundido com Hermes, um deus da mitologia grega (At 14,12).

Talvez, por causa dessa preocupação em não chamar a atenção sobre si, sabemos pouco  sobre os apóstolos, pelo menos, sobre uma parte deles. Sobre São Simão, por exemplo, só sabemos que era chamado de “zelote”, talvez, por ter pertencido ao partido judeu dos zeladores da Lei. Pelo visto, era natural de Caná da Galiléia. 

Sobre São Judas, de cognome Tadeu (o valente), é apontado explicitamente desde os começos, pela tradição eclesiástica, como autor da Epístola de São Judas. Pelo que tudo indica, eles pregaram o Evangelho de Jesus, no Egito, Mesopotâmia e Pérsia. Ambos morreram mártir por causa da fé e são celebrados pela Igreja Católica no dia 28 de outubro.

Se pudermos aprender algo com os apóstolos devemos aprender a fidelidade aos ensinamentos de Jesus. Nenhum deles quis ser um mestre  e juntar  discípulos em torno de si; mas todos eles se colocaram como alunos do único e grande Mestre que é Jesus.

Jesus não convidou os apóstolos para segui-lo porque eles tivessem grandes qualidades humanas. Alguns chegaram mesmo a negá-lo, como foi o caso de Pedro e Judas Iscariotes que o traiu. Enquanto Pedro se arrependeu e chorou, amargamente, Judas não fez nada disso. Os critérios para esse convite só Deus pode conhecer. Grande parte dos convidados eram pescadores e homens simples. O Evangelho mostra, em algumas de suas passagens, que eles tinham dificuldades em entender o que Jesus dizia. Mas, diferente de nós, que somos muito presos às aparências, Deus olha o interior da pessoa. Por isso, chama quem ele quer para servi-lo na missão. Ainda bem, que os critérios de Deus não são os nossos! 

Imagem de Quang Nguyen vinh por Pixabay