Deus promete aliança ao seu povo...

 Uma aliança é um simples objeto. Mas o que ela significa não é nada simples. Significa o compromisso de toda uma vida! Lembro-me, de uma amiga que, ao morrer, teve que ser sepultada com a aliança no dedo, pois, de tanto usá-la, ela não saia mais. Na verdade, após o seu casamento, que durou longos anos, ela nunca tirou a aliança do dedo. E não foi só isso. Sua vida foi de total dedicação ao marido e à família. A união daquele casal foi tão intensa que logo depois disso ele também morreu. Dizem que morreu de tanta tristeza pela perda da única companheira que teve durante toda a vida!

Essa imagem da aliança como sinal de compromisso, aparece, frequentemente, na Bíblia para falar do amor de Deus ao seu povo. Vejamos, por exemplo, na passagem do Segundo Livro do Profeta Samuel (2Sm 7, 1- 5):

Quando David já morava em sua casa e o Senhor lhe deu tréguas de todos os inimigos que o rodeavam, o rei disse ao profeta Natã: «Como vês, eu moro numa casa de cedro, e a arca de Deus está debaixo de uma tenda».

Natã respondeu ao rei: «Faz o que te pede o teu coração, porque o Senhor está contigo». Nessa mesma noite, o Senhor falou a Natã, dizendo:

Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio para Eu habitar?

Tirei-te das pastagens onde guardavas os rebanhos, para seres o chefe do meu povo de Israel. Estive contigo em toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus inimigos. Dar-te-ei um nome tão ilustre como o nome dos grandes da terra. Prepararei um lugar para o meu povo de Israel: e nele o instalarei para que habite nesse lugar, sem que jamais tenha receio e sem que os perversos tornem a oprimi-lo como outrora, quando Eu constituía juízes no meu povo de Israel. Farei que vivas seguro de todos os teus inimigos.

O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa. Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com teus pais estabelecerei em teu lugar um descendente que há de nascer de ti e consolidarei a tua realeza. Ele construirá um palácio ao meu nome e Eu consolidarei para sempre o teu trono real. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. A tua casa e o teu reino permanecerão diante de Mim eternamente e o teu trono será firme para sempre.

Essa passagem bíblica está situada por volta do final do séc. XI e início do séc. X a. C. e refere-se à constituição de Israel enquanto um povo. Após vencer muitos obstáculos o Rei Davi conseguiu unir as tribos do sul e do norte em torno dele e de uma única capital, Jerusalém. Jerusalém havia sido conquistada dos Jebuseus por volta de 1005. A. C (2 Sm 5, 6-12). Desde então, tornou-se a “cidade de Davi”. O status de cidade santa Jerusalém ganhou quando Davi reuniu trinta mil homens para buscar em Baala a “Arca de Deus”. A Arca era o sinal visível de Deus no meio do seu povo (2 Sm 6,1ss).

Estando em Jerusalém a Arca pedia um abrigo que fosse digno dela. Por isso Davi pensou em construir-lhe um Templo. Construir um templo poderia ter significado duplo: Dar dignidade à Arca, ou seja, a presença de Deus; ou tentar encerrar Deus em uma gaiola. Mas, quem é Deus para ser encerrado em uma gaiola? E quem é Davi para dar estabilidade ao Senhor? Foi aí, que, através do profeta Natan, Deus envia uma mensagem ao rei: Sou eu quem vai construir-lhe uma casa! Casa, aqui tem o sentido de dinastia, de família. Aqui está nascendo algo muito importante: Uma aliança entre Deus e a Casa de Davi, ou seja, com o seu povo. Está sendo formada uma “aliança davídica”. O que significou isso para o povo da bíblia?

Conforme eu já disse antes, aliança é compromisso, é pacto de união. Deus, fez com o seu povo um compromisso eterno. Com Davi, o sinal visível desse compromisso, seria o nascimento de um filho... Um filho que seria ungido para guiar o povo com ternura, firmeza e segurança, portanto, um messias, um salvador!

Nos momentos difíceis da história de Israel, a lembrança dessa promessa divina sustentou a esperança do povo. Deus é fiel. As infidelidades ocorrem da parte do povo. Mas, a bondade divina garantiu em muitos momentos a renovação dessa aliança, apesar dos pecados humanos. Usando o exemplo citado no começo desse texto poderíamos dizer que Deus nunca tirou a aliança do seu dedo. Quanto a nós... De vez em quando, guardamos a aliança no bolso em busca de novas aventuras amorosas...

Jesus Cristo foi o ponto alto dessa aliança de Deus com o seu povo. Com o próprio sangue ele selou, definitivamente, essa “nova e eterna aliança” conosco. Por isso, temos mil razões para não desanimarmos com nada. Deus acredita em nós! Jesus derramou por nós até a última gota do seu sangue. O que mais ele poderia ter feito para provar-nos o quanto nos ama? Amemos, portanto, a Deus, porque Ele nos amou primeiro. Não tenhamos medo de nada, pois se Deus está do nosso lado, quem poderia estar contra nós?

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