São Brás, bispo e mártir, rogai por nós!

 

Pouco se sabe sobre São Brás. A Legenda Áurea, nos diz que Brás vem de blandus, “suave”, ou de belasius, formado de bela, “costume” e syor, “pequeno”. De fato, São Brás foi suave nos seus sermões, virtuoso em seus costumes e humilde em sua conduta.  Pelo que sabemos ele foi bispo de Sebaste, na Armênia, nos inícios do Séc. IV. Sofreu a perseguição de Lício, colega do imperador Constantino. Teria morrido mártir no ano 316, sendo, um dos últimos mártires dos primeiros séculos. Na sua paixão se lê que, enquanto era conduzido à morte, uma mulher aproximou-se dele, desesperada porque o filho dela estava engasgado com uma espinha de peixe. São Brás colocou as mãos sobre a cabeça da criança e a abençoou. Logo depois a criança desengasgou. Por causa desse milagre ele é invocado ainda hoje contra os males da garganta. Outro fator que o fortalece enquanto protetor da garganta foi o fato de ele ter sido decapitado.

A Armênia foi um local de forte presença do catolicismo nos primeiros séculos. Hoje ela é uma ex-república da antiga União Soviética. Está localizada numa região montanhosa entre a Ásia e Europa entre a Turquia e Azerbaijão. Sua Catedral, sede da Igreja é datada do Séc. IV e o Mosteiro Khor Virap é ainda um local de peregrinação. Ele fica próximo ao Monte Ararat, na fronteira com a Turquia, onde se acredita que teria parado a Arca de Noé. A memória de São Brás nos convida a voltar os nossos olhares para a Armênia onde a Igreja primitiva teve tanta vitalidade. O povo armênio enfrentou com resistência, grandes sofrimentos, ao longo de sua história. Basta lembrar o Genocídio sofrido sob o Império Otomano entre 1915 a 1923, que trouxe para esse povo um sofrimento indescritível. Hoje, portanto, quando nos lembramos de São Brás precisamos rezar também pelo povo armênio. Mas, voltemos à história de São Brás.

São Brás foi um homem de grande doçura e santidade. Por isso, os cristãos o elegeram bispo da Cidade de Sebasta, na Capadócia. Mas, por causa da grande perseguição de Diocleciano, Imperador Romano, ele teve que refugiar-se numa gruta onde passou a levar uma vida de eremita. Aliás, esse costume de refugiar em grutas era muito comum na região da Capadócia. Em Goreme, existe ainda hoje, os vestígios de uma verdadeira cidade subterrânea onde os cristãos viviam escondido das perseguições. Acredita-se que na região da Capadócia, na Turquia, exista mais de 200 cidades subterrâneas. Mais de trinta dessas cidades são abertas à visitação. Outras ainda são objetos de estudo dos historiadores.

Enquanto estava em seu esconderijo São Brás foi alimentado por grande número de pássaros e animais que lhe faziam companhia. Até os pássaros e os animais gostavam de estarem próximos dele... Mas, isso também lhe custou caro, pois atraiu caçadores ao seu esconderijo. Um deles, sendo impedido de abater os animais acabou denunciando-o ao governador, o que lhe custou grandes sofrimentos. Ele foi preso e torturado para que renegasse a fé. Junto com ele outras pessoas que o seguiam também foram perseguidas e torturadas.

Certa vez, ele foi procurado por uma viúva desesperada. Seu único porquinho havia desaparecido. São Brás a tranquilizou e rezou para que o seu aparecesse. No mesmo dia ele retornou à sua dona. O tempo passou e aquilo parecia ter  ficado no passado. Mas, quando o Santo estava preso, a viúva matou o porquinho e levou-lhe, às escondidas, um prato de sua carne. Ele a comeu durante a noite iluminado pelas velas. Após a refeição recomendou à mulher: “Todos os anos, vá a uma igreja e acenda uma vela em meu nome, e tudo correrá bem para você e para aqueles que fizerem o mesmo...”.  Por isso, até hoje, no dia de São Brás, muitos costumam acender uma vela e rezar pedindo sua proteção.

Por isso, transcrevo agora para que você leia, a oração da bênção das velas e da garganta:

Bênção das velas:

Deus todo-poderoso e cheio de ternura, com uma só palavra criou toda a variedade dos seres, e quisestes que, para recriar o homem e a mulher, o mesmo Verbo, pelo qual tudo foi feito, se encarnasse. Vós sois grande e imenso, digno de temor e louvor, e fazeis tantas maravilhas! Por vós o glorioso bispo e mártir São Brás, em proclamação de sua fé, sem temer os tormentos mais variados, conquistou a palma do martírio. Vós lhe conferistes, entre outras graças, a prerrogativa de curar, por vossa virtude, todos os males da garganta. Suplicamos, pois, a vossa majestade que, sem olhar as nossas culpas, antes, tocado por seus méritos e preces, vos digneis, em vossa venerável bondade, abençoar + santificar + esta cera, criatura vossa, Infundi nela a vossa graça, para que todos cujos pescoços forem, com fé, tocados por ela fiquem livres de qualquer doença da garganta pelos méritos do martírio dele e, são e felizes, possam dar-vos graças em vossa santa assembleia e louvar o vosso nome glorioso, que é bendito  pelos séculos dos séculos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Bênção da garganta:

(Com as velas cruzadas, que tocam o pescoço do fiel, diz-se):

Por intercessão de São Brás, bispo e mártir, livre-te Deus dos males da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

Que São Brás nos abençoe e abençoe o povo da Armênia, que tem enfrentado tantas provações ao longo da história!

 

Fontes de pesquisa para esse texto:

Varazze, Jacob de: Legenda Áurea – Vida de Santos. São Paulo, Cia das Letras, 2003.

O Pão Nosso de cada dia. Subsídio Litúrgico-Catequetico Diário. Ano XVI – Nº 182. Ano B. Fevereiro 2021.

Imagem de Mario Ceccherini por Pixabay