Não chores!

 

A palavra que vem do céu vem do Espírito Santo... Eu vou pedir a Deus prá enxugar o vosso pranto... Assim, cantam os meus irmãos do Congado de São José da Varginha.  Mas, será que Deus seria capaz de descer das alturas para enxugar o pranto de alguém? Sim! Tanto é que desceu. Assim, nos diz o Evangelho de São Lucas (Lc 7, 11 – 17): Quando chegou à porta da Cidade de Naim, eis que levavam um defunto,filho único; e sua mãe era viúva... Ao vê-la o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: Não chores!

Ter compaixão é sentir a dor do outro como se fosse nossa. A viúva já era desamparada, por não ter marido e ficou ainda mais desamparada com a morte do único filho que tinha. Não podemos comparar a situação da mulher, naquele tempo, com as mulheres de hoje. Na ocasião, as mulheres dependiam, em tudo, dos homens, fossem os pais, maridos ou filhos. A viúva levava para o cemitério a única razão que tinha para viver, ou seja, o filho único.

Ao ver aquele cortejo fúnebre, Jesus sentiu profunda dor no coração e interviu para mudá-lo. Tocou no caixão e ressuscitou o jovem, devolvendo-o, à sua mãe. O que ele fez naquela hora merece destaque, pois, simplesmente, ordenou: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” Vejam bem, trata-se, de uma ordem divina dada com autoridade. Para dissipar uma situação de morte precisamos agir com firmeza e autoridade. Ao ver cena tão inusitada, o povo exclamou: Deus veio visitar o seu povo! A multidão tinha razão. Deus visitou o seu povo e o libertou. Lembrou-se de sua misericórdia e veio tirar aqueles que habitavam na região escura da morte. A morte, nossa pior inimiga, foi tragada pela vida que é Cristo.    

O que mais me encanta nessa passagem bíblica é a grande humanidade de Jesus. Ele não passa ao largo quando ouve o grito de um sofredor. Foi o sofrimento daquela pobre viúva que o fez interromper sua caminhada para ajudá-la. Há quem veja, nessa cena, uma imagem do que deveria fazer a Igreja: Ir ao encontro daqueles que mais sofrem! Ao, que parece, a viúva nem suplicou pela ajuda de Jesus. Talvez, pensasse que seu caso seria insolúvel. Mas, Deus que conhece o coração de cada homem viu o quanto ela estava com seu coração partido e, por isso, agiu em seu favor, mesmo sem que ela pedisse. Isso também é uma grande lição para cada um de nós. A gente deve desconfiar quando alguém precisa de nós. Não precisamos esperar que a pessoa peça pela nossa ajuda.

O choro daquela mulher mexeu com o coração de Cristo. Em outra situação, ele também chorou. Chorou, por exemplo, na morte de Lázaro e, ao vê-lo, chorando, as pessoas comentaram: Veja como ele o amava! O Papa Francisco, disse, certa vez, que estamos perdendo a capacidade de chorar. Isso é muito grave. Equivale a dizer que estamos nos desumanizando.  A dor do outro não nos toca mais. Alguém é capaz de filmar uma pessoa agonizando e postar nas redes sociais, em vez de socorrer tal pessoa. Jesus é um Deus humanizado. Tem coração! Um coração cheio de amor e compaixão por aqueles que mais sofrem. A ressurreição do filho dessa viúva mostra-nos o tamanho do seu amor. Um belo exemplo a ser seguido. Pense nisso!

Imagem de Dorothée QUENNESSON por Pixabay