Deus nos guarda como a pupila de seus olhos

 

Uma das partes mais sensíveis do nosso corpo são os olhos. Basta um mosquitinho para roubar o nosso sossego quando se trata deles. Nesse momento em que escrevo, por exemplo, eles são fundamentais e, por isso, agradeço a Deus pela visão que tenho. Como os olhos são muito sensíveis nós os protegemos até instintivamente, diante da menor possibilidade de ameaça. A imagem dos olhos foi usada pelo salmista para falar da proteção com a qual Deus cuida de nós. Diante de uma provável ameaça e sem ter a quem recorrer ele invoca a proteção divina cheio de confiança:  

Guarda-me, Senhor, como a pupila dos teus olhos, esconde-me à sombra de tuas asas, longe dos perversos que me pisoteiam, dos inimigos mortais que me cercam. Sl 17, 8 -9

A imagem das asas também fala de proteção. Deus nos ama e protege. Jesus também recorreu a tal imagem em um de seus ensinamentos quando não foi recebido em Jerusalém:

Quantas vezes, eu quis reunir os teus filhos, como as galinhas reúnem a ninhada debaixo das asas e tu não quiseste! Lc 13, 31 – 35. Fosse eu, a usar tal exemplo, poderia soar desrespeitoso, mas Jesus tem autoridade para isso e, frequentemente, usava imagens nos seus ensinamentos.

Quem já teve a oportunidade de viver no campo sabe o quanto é forte esse exemplo da galinha que protege os pintinhos. Ela é capaz de perder a própria vida lutando contra um gavião para arrancar-lhe um filhote do bico. Qual mãe não faria algo semelhante? É assim que Deus protege aqueles a quem ama. Talvez, movido por essa certeza do amor de Deus o Apóstolo Paulo dizia:

 Quem vai nos separar do amor de Cristo? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Rm 8, 35 ss. Para ressaltar a extensão desse amor ele acrescentou:

Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura nem a profundeza, nem qualquer outra criatura, poderá separar-nos do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor...

Movido por tão grande confiança no amor de Deus Paulo enfrentou os mais diversos obstáculos sem se desanimar: Apanhou, esteve preso, foi picado de cobras, passou fome, frio, perdeu-se em alto-mar... Mas, tudo isso, não foi para ele, ocasião de desanimo. Sabia em quem havia depositado suas esperanças. Os santos foram assim. Não se desanimaram diante das provações. São João Maria Vianney, o Cura D’Ars, dzia em seu sermão sobre a quinta feira santa:

“Se sofremos penas e desgostos, Ele nos alivia e consola. Se caímos doentes, será o nosso remédio ou então dar-nos-á forças para sofrer, a fim de merecermos ir para o Céu. Se o demônio ou as paixões nos atacam, dar-nos-á armas para lutar, para resistir e para alcançar vitória. Se somos pobres, enriquecer-nos-á com toda a sorte de bens no tempo e na eternidade”

Repleto de confiança no amparo divino, o Profeta Isaías dizia: Como as aves que voam assim Iahweh dos exércitos velará sobre Jerusalém, velará sobre ela e a livrará, protegê-la-á e a libertará... Is 31, 5

Melhor do que nós mesmos Deus sabe o que é bom para nós. Por isso, nem sempre entendemos os seus planos. Uma criança nunca entende a necessidade de tomar injeção. A mãe, no entanto, não descuida disso. Ela sabe que vai doer um pouco mas, será para evitar um mal maior. Ás vezes, reclamamos das injeções sem entender que Deus está no comando o tempo todo. Ele nos protege e nos guarda como a pupila dos seus olhos.

Para terminar vou lançar mão de uma história popular: 

Certa vez um marinheiro teve problemas com o seu barco e acabou parando numa ilha deserta. Ele chegou à ilha sem nada, mas agradeceu a Deus por estar vivo. Aos poucos, juntou lenha, palhas e fez uma choupana. Para não morrer de fome pescou alguns peixes e conseguiu assá-los nas brasas. Aconteceu que, ao voltar da pesca, alguns dias depois, viu sua choupana em chamas. Então, ele não aguentou a provação e caiu por terra prostrado. Acabava de perder, pela segunda vez, o pouco que possuía. Naquele estado de prostração acabou dormindo e foi acordado com o apito de um navio. O capitão do navio viu a fumaça, de longe, e resolveu mudar o curso da viagem para socorrer aquele náufrago. Só então, o náufrago percebeu que Deus estava no comando o tempo todo. O incêndio na choupana foi necessário para que a fumaça, vista de longe, atraísse o socorro que ele tanto precisava. Nem sempre entendemos o que acontece conosco. Às vezes, algo que, num primeiro momento, pode parecer ruim, acaba contribuindo para o nosso bem. Pense nisso! 

Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay