Santa Terezinha: Minha vocação é o amor
Santa Terezinha do Menino Jesus não foi uma santa comum. Teve uma vida curta e extraordinária! Morreu de tuberculose, com apenas 24 anos, ...
Santa Terezinha do Menino Jesus não foi uma santa comum. Teve uma vida curta e extraordinária! Morreu de tuberculose, com apenas 24 anos, mas, nesse curto período de tempo, produziu coisas maravilhosas das quais, nós sabemos, graças aos seus escritos autobiográficos. Ela tinha profunda sede de Deus e das coisas do alto. Sabia de sua vocação ao Carmelo, mas confessou também ter outras vocações: Queria ser sacerdote, mártir, doutor, apóstola e guerreira de Cristo. Segundo ela mesma tinha uma grande admiração pelos sacerdotes e dizia:
“Sinto em mim a vocação de sacerdote. Com que amor, ó meu Jesus, não te
carregaria nas mãos, quando à minha voz descesses do Céu... Com que amor te não
daria às almas!... Mas, que fazer? Com todo desejo de ser sacerdote, admiro e
invejo a humildade de São Francisco de Assis, e sinto a vocação de imitá-lo
quando recusou a sublime dignidade do sacerdócio.”
Mas, não era só isso. Queria também ser apóstola e guerreira: “Quisera percorrer a terra apregoar teu nome, e implantar em terra de infiéis tua gloriosa Cruz!”. Ao mesmo tempo queria também anunciar o Evangelho em todo o mundo e até mesmo nas ilhas mais distantes. Quanto ao martírio dizia:
“Martírio! Eis o sonho de minha juventude! O sonho que cresceu comigo à
sombra dos claustros do Carmelo... Aí, também, percebo que meu sonho é loucura,
pois não conseguiria limitar-me a desejar um só gênero de martírio... Para me satisfazer,
precisaria de todos eles...”
Como se vê ela queria tudo desde que servisse a Cristo. Mas, sabia, ao mesmo tempo, que era frágil e pequena. E foi lendo as cartas de São Paulo que encontrou um consolo. Após ler os capítulos 12 e 13 da Primeira Epístola aos Coríntios encontrou a resposta para suas inquietações. No texto, São Paulo afirma que poderia ter todos os dons, até mesmo o dom de falar a língua dos Anjos mas, se não tivesse amor de nada adiantaria. Foi então, que concluiu: O importante não é ser tudo, mas fazer tudo com muito amor. Daí concluiu que sua vocação não era, nada mais e nada menos, do que o amor. Sabia que suas condições físicas não lhe permitiam fazer grandes coisas, então, se propôs fazer pequenas coisas com grande amor. Essa foi uma boa descoberta. Descobriu que o coração de Cristo é uma fornalha de amor e nessa fornalha gostaria de mergulhar:
“A caridade deu-me a chave de minha vocação. Compreendi que, se a Igreja
tinha corpo, composto de vários membros, não lhe faltava o mais necessário, o
mais nobre de todos. Compreendi que a Igreja tinha coração, e que o coração era
ardente de amor. Compreendi que só o amor fazia os membros da Igreja atuarem, e
que se o amor se extinguisse, os Apóstolos já não anunciariam o Evangelho e os
Mártires se recusariam a derramar seu sangue... Compreendi que o amor abrange todas
as vocações, alcançando todos os tempos e todos os lugares... Numa palavra, é
eterno... Então, no transporte de minha delirante alegria, pus-me a exclamar: Ó
meu Jesus, meu amor, minha vocação, encontrei-a afinal: Minha vocação é o
amor!...”
Encontrando essa resposta para sua vida ela se comparou ao navegante que, após o cansaço da busca, pela direção correta, avistou a luz de um farol vinda da praia. Ao ver o farol soube direcionar o navio naquela direção. Assim, ela encontrou a direção de sua vida: Servir a Deus na vivência do amor! Para viver o amor ninguém precisa ser padre, missionário, doutor ou mártir. Cada um pode vivê-lo no lugar onde foi plantado por Deus. Assim, Santa Terezinha nos ensinou que podemos ser santos no lugar onde estamos. Não precisamos ser missionários em terras distantes ou suportar o peso do martírio. Podemos viver no amor e colocá-lo em prática cada dia e em cada uma de nossas atitudes. Podemos testemunhar Cristo sem sair de nosso lugar, não importa que você seja costureira, pedreiro, médico, advogado ou trabalhador rural. Nunca irão lhe faltar ocasiões para viver o amor. Pense nisso!
Obs: As citações desse texto foram tiradas do capítulo IX do livro: História de uma alma – Manuscritos autobiográficos, de Santa Terezinha do Menino Jesus.