Um dia Deus me chamou
Um dia Deus me chamou, na verdade, não chamou apenas uma vez. Os chamados foram muitos e em diversas situações. Chamou-me, não para uma ex...
Um dia Deus me chamou, na verdade, não chamou apenas uma vez.
Os chamados foram muitos e em diversas situações. Chamou-me, não para uma
excursão ou uma pescaria mas, para dedicar a ele toda minha vida. Talvez, tivesse
outros bem melhores do que eu para serem convidados. Mas, dos segredos de Deus,
só ele mesmo pode entender. Eu não ouvi uma vozinha vinda do céu e nem tive
visões espetaculares. Deus me chamou através de pessoas e de livros, também,
escritos por pessoas. O chamado divino nos chega de diversas formas pois, em se
tratando de criatividade, ninguém compete com Deus. A esse chamado até hoje
estou respondendo. Existem alguns compromissos que devem ser renovados todos os
dias...
O Evangelho nos diz que, certo dia, Jesus olhou com amor para
um jovem e o convidou para segui-lo (Mc 10, 17 - 30). O jovem veio correndo como
quem tem pressa e perguntou: Bom mestre, o que devo fazer para ganhar a vida
eterna? Esse tipo de inquietação não era só daquele jovem. Quem de nós não se
perguntou, sobre isso, um dia? Talvez, a pergunta tenha sido formulada de outro
jeito: O que, de fato, é mais importante na vida de todos nós? Para aquele
jovem, inicialmente, foi o que ele chamou de “vida eterna”. Provavelmente, buscasse
algo duradouro e não estava contente com tantas realidades efêmeras. Hoje
poderíamos nos perguntar: O que eu preciso para ser feliz?
Para o mundo consumista a felicidade está condicionada em ter
coisas. Ter dinheiro e consumir. Por isso, o mercado não se cansa de colocar
nas vitrines mil “tranqueiras” para o nosso prazer. O jovem do Evangelho já possuía
muitos bens. De acordo com a lógica do mundo já deveria estar se sentindo feliz
e realizado. Ele não esperava o convite que Jesus lhe fez. Inicialmente, Jesus
lhe disse que, para possuir a vida eterna, deveria praticar os mandamentos.
Ele, no entanto, disse que isso já fazia. O Evangelho afirma que Jesus olhou
para ele com amor e lhe disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que
tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”! Ao
ouvir esse convite, em vez de se alegrar ele entristeceu e foi se embora
abatido pois era muito rico. Ele veio correndo encontrar-se com Jesus e voltou
abatido para casa pois não teve coragem de aceitar o convite. Que pena! Perdeu
uma grande ocasião de tornar-se um santo. Preferiu as “tranqueiras” à
santidade.
Àquele jovem Jesus afirmou: Só uma coisa te falta! Mas, foi
exatamente, essa coisa que ele não teve coragem de fazer, ou seja, esvaziar-se
de si mesmo para seguir Jesus com o coração livre. Quem está com o coração
amarrado em tantas miudezas desse mundo, de fato, não tem coragem para seguir
Jesus. A atitude do jovem fez Jesus declarar ser mais fácil um camelo passar
pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no céu.
Ás vezes me pergunto: Se aquele jovem tivesse aceitado o convite
de Jesus será que Deus iria deixar faltar para ele alguma coisa? Será que Jesus
estava brincando com ele? Não! O que lhe faltou foi coragem. “A vau do mundo é a
coragem”, diz o autor de Grande Sertão Veredas, através do personagem Diadorim.
Para seguir um convite de Jesus é preciso coragem. Aliás para viver é preciso
ter coragem. Viver não é coisa para amadores. Às vezes, temos que matar um leão
por dia, não é? Se você estivesse no lugar daquele jovem do Evangelho, o que
você faria? Que resposta daria a Jesus? Teria coragem de aceitar o seu convite
ou iria preferir as próprias seguranças? Pense nisso!
Imagem de Ravi Saini por Pixabay