Simplicidade

  Uma das cenas que me impressiona muito, na liturgia da Semana Santa é a que acontece no Domingo de Ramos. Nesse dia, a liturgia revive a e...

 


Uma das cenas que me impressiona muito, na liturgia da Semana Santa é a que acontece no Domingo de Ramos. Nesse dia, a liturgia revive a entrada “solene” de Jesus em Jerusalém, montado num jumento. Nunca vi tanta simplicidade como a mostrada nessa cena! Jesus não fez isso, por uma jogada de marketing, talvez, não tivesse, mesmo, alternativa. A escolha do Filho de Deus, por “carruagem” tão simples, comoveu até as pedras! Só não comoveu o coração de alguns que reclamaram com Jesus: - Peça ao povo para que se cale, disseram. E ele respondeu a altura: - Se ele se calar, as pedras gritarão! (Lc 19, 40) Pelo visto, as pedras tinham mais sensibilidade que alguns, naquele tempo.

São Francisco de Sales, na quarta parte do seu livro “Filotéia”, aborda o tema da simplicidade com excelentes comparações:

“Disseram-me que certos pássaros, conhecidos como matracas, sabem de uma forma que ainda não temos explicação, assustar as aves rapinas e afugentá-las. Daí essas matracas serem muito apreciadas pelos pássaros mais pacíficos, como as pombas, que gostam da companhia protetora delas. Você sentirá que a humildade (simplicidade) pode proteger-nos do mal, pois, o inimigo de Deus é o rei do orgulho. E como tal não gosta de humildade” (Filotéia, 3ª parte, nº 04).

As pombas gostam da companhia das matracas, pois ao lado delas se sentem seguras e protegidas. Assim, também nós, devemos cultivar a humildade para evitar o orgulho e a vaidade. E por falar em vaidade, é bom dizer que ela está na moda. Atualmente, presenciamos um verdadeiro culto ao corpo. Isso beira à idolatria e, sabemos que toda forma de idolatria é condenável. Ainda sobre isso, São Francisco de Sales irá dizer no mesmo capítulo:

“O pavão quando mostra suas lindas plumas ao abrir a cauda em leque, nada mais faz do que valorizar a parte menos nobre de sua anatomia...”

Às vezes, em função de nossos trabalhos, devemos nos portar de maneira mais elegante, conforme nos pede o figurino. Mas, isso não deve ser motivo de vaidade. Na época dos grandes descobrimentos, os conquistadores enchiam seus navios e ouro, pedras preciosas e outros objetos de grande valor. Mas, não custava nada levar também alguns macacos, papagaios e outros animais exóticos para seus países de origem. Naquele tempo não havia muita preocupação com ecologia... Vejam bem: O importante para eles era a carga preciosa. O resto era só complemento. Assim devemos agir. Devemos saber o que é mais importante em nossas vidas. Caso contrário, ficaremos presos nas aparências. A carga mais preciosa diante de Deus é nossa humildade o resto é complemento. Nossa embarcação, que é nossa própria vida, não deve andar lotada de coisas pequenas e sem importância.

Humildade e orgulho são dois sentimentos distintos. A humildade consiste em aceitar a verdade. Mas, qual é a verdade sobre nós mesmos? A grande verdade é que somos fracos e dependentes de Deus. Mas, nem todos admitem isso. Pelo contrário, queremos ser Deuses! Não foi essa, a grande causa do pecado de nossos primeiros pais? Comeram do fruto proibido porque queriam ser iguais a Deus! (*)

Dentre as tantas coisas ensinadas por Jesus, fiquemos hoje, com o tema da humildade. Sobre isso, ele nem precisava dizer nada. Os exemplos que nos deu falam por si: Nasceu num presépio, sobre as palhas; lavou os pés dos discípulos, morreu sem roupa no corpo e foi sepultado num túmulo emprestado. Basta ou quer mais?

 

(*) - https://ggpadre.blogspot.com/2020/12/licoes-do-presepio-humildade-que-vence.html

Foto: Arquivo pessoal

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