Trans-figuração

  “Trans-figuração” é mudança de figura. Diante de três discípulos Jesus se trans-figurou, ou seja, mostrou-lhes uma parte de si mesmo até e...

 


“Trans-figuração” é mudança de figura. Diante de três discípulos Jesus se trans-figurou, ou seja, mostrou-lhes uma parte de si mesmo até então, desconhecida. Aquele, certamente, foi um momento único e marcou para sempre a vida de Tiago, Pedro e João. Quando basta um pequeno raio de luz para clarear um ambiente escuro, imaginem ter um sol inteiro diante de si!  Isso mesmo! O rosto de Jesus tornou-se iluminado como o sol cujo brilho espalhou pelas roupas e por todo o ambiente. Uma experiência de Deus tão profunda assim costuma deixar sequelas. O velho Zacarias, pai de João Batista, ficou mudo após ver um anjo no Templo de Jerusalém; o Apóstolo Paulo ficou cego após ver uma luz divina na estrada de Damasco; Pedro, diante de Jesus transfigurado começou a falar sem saber o que dizia... Queria permanecer ali, no alto da montanha, para sempre e até se dispôs em fazer três tendas (Lc 9, 28-36).

Hoje meditamos sobre um acontecimento extraordinário narrado no Evangelho. Diante dos três apóstolos, Jesus rasgou a cortina de sua humanidade para revelar-lhes, por uma fração de segundo, todo o brilho de sua divindade. De fato, o nosso Deus é um Deus escondido. Esteve escondido no silêncio de Nazaré, desfigurado no calvário, anda escondido no corpo dos sofredores e na simplicidade da Eucaristia. Para falar-nos, de Cristo escondido na Eucaristia, São João Maria Vianney, contou, certa vez, a história de Santo Aleixo. Aleixo era filho de um senador de Roma e viveu nos primeiros séculos do Cristianismo. Seu dia é comemorado em 17 de julho. Sua vida pode ser assim resumida: Aleixo era filho de uma rica família romana. Certo dia resolveu abandonar tudo e fugir para Edessa, na Síria, onde viveu como mendigo. Sua santidade espalhou-se, rapidamente, pelas redondezas.  Após algum tempo, retornou à Roma, mas, acabou não sendo reconhecido, nem mesmo por seus pais. Esses o acolheram como um mendigo e deram-lhe um canto qualquer para morar sob as escadas do palácio. Ali ele viveu cerca de 30 anos e era maltratado pelos próprios escravos do pai. Sua identidade somente foi revelada, após sua morte. Ao saber que aquele mendigo era seu próprio filho a mãe exclamou: “Ó, meu filho”! Porque fui conhecê-lo tão tarde... Estavas tão perto de mim e eu nunca o reconheci...

João Maria Vianney dizia que, ao chegarmos ao céu, corremos o mesmo risco daquela mãe. Após a morte, veremos com toda a plenitude, Àquele que, em vida, não vimos presente na Eucaristia. Nossa alma talvez, dirá o mesmo que a mãe de Aleixo: - Meu Deus! Porque somente agora fui perceber toda a grandeza de quem sempre esteve tão perto de mim...

Jesus transfigurou-se diante dos apóstolos, nos diz o texto bíblico. Mas, será que apenas eles tiveram o privilégio de ver a glória de Deus? Eu digo que não! Um dia, e só Deus sabe quando, todos nós viveremos situação parecida, afinal, acreditamos na imortalidade e na vida eterna de nossa alma junto a Deus. Um dia veremos a Deus face a face (1Cor 13, 12) e ele saciará toda nossa sede. Então, poderemos nos saciar dessa “Àgua viva,” oferecida, um dia, à Samaritana enquanto procurava encher o seu pote.

Assim como os três apóstolos que viram Moisés e Elias conversando com Jesus e ouviram a voz do Pai, também nós ouviremos palavras de doces consolações, naquele dia. O Pai há de lembrar-nos, o quanto nos ama e nos encherá de beijos, à semelhança do pai, da parábola do filho pródigo; o Filho há de mostrar-nos, o seu lado aberto e, para nossa surpresa, veremos nossos nomes escritos em seu coração; o Espírito Santo há de sussurrar em nossos ouvidos palavras de amor nunca antes ouvidas. Naquele dia, inesquecível, Deus dará a cada um de nós um nome novo que só Ele conhece (Ap 2, 17) e pelo qual, seremos reconhecidos por toda a eternidade. Por ora, caminhemos, nesse “vale de lágrimas e de alegrias” carregando a certeza que nossos nomes estão para sempre gravados no coração de Jesus! Amém.

Foto: Arquivo Pessoal

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  1. Que belo texto! Precisamos também reconhecer Jesus transfigurado no rosto dos nossos irmãos que sofrem.

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  2. Temos que lembrar sempre disso, que Jesus está sempre a nos iluminar.

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  3. Abandonar a riqueza para viver como mendigo, isso sim é seguir jesus com todo amor..

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  4. Lindo texto! É uma construção com varias palavras de esperança, melhor dizendo, frases construídas com informações biblicas que leva ao sentimento de que as mazelas dessa vida terminará e nosso o encontro com Deus pode acontecer. Conheceremos a face do PAI. Claro que enquanto nesta vida estivermos, obrigações temos a cumprir, para sermos merecedores deste encontro na eternidade. Que felicidade!

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