Quem é o meu próximo?

  Jesus veio ao mundo e nos ensinou muitas coisas. Apesar de ter passado dois milênios, até hoje, não sabemos, ou queremos, colocar em práti...

 

Jesus veio ao mundo e nos ensinou muitas coisas. Apesar de ter passado dois milênios, até hoje, não sabemos, ou queremos, colocar em prática o que ele nos ensinou. Uma das coisas mais lindas que devemos observar em Jesus é a sua compaixão. A compaixão faz a gente se colocar no lugar do outro, principalmente, daquele que sofre.

No Evangelho de São Lucas (Lc 10, 25-37) encontramos a parábola do Bom Samaritano que nos mostra a seguinte situação: Um mestre da Lei pergunta a Jesus sobre o que teria que fazer para herdar a vida eterna. Esse “mestre”, pelo jeito, desconhecia que a vida eterna não se conquista por merecimento mas, por graça. Ele ainda estava preso à lei com suas, inúmeras, exigências. Naquele tempo, a lei contava com mais de seiscentas prescrições e podia dar-se a impressão de que o céu seria um prêmio à quem conseguisse observar todas as prescrições legais. Nesse caso, a observância dos mandamentos seria uma moeda de troca e o céu um prêmio por merecimento.  

Jesus respondeu ao mestre da lei com um exemplo: Havia um homem machucado e caído na beira da estrada. Não por acaso, esse homem era samaritano. Os samaritanos eram mal vistos pelos judeus, mas, foi ele quem deu bom exemplo ao final da narrativa. Um sacerdote e um levita passaram por ali, antes do samaritano e nada fizeram para ajudar o pobre homem caído. Ambos, ao vê-lo, no chão, passaram pelo outro lado e seguiram adiante. Deveriam estar ocupados demais com seus deveres religiosos! Além do mais, poderiam ficar impuros para o culto dependendo do que fizessem com aquele homem caído. A lei da pureza, naquele tempo, era dura demais! Não permitia fazer isso ou aquilo. Bastava uma irritação na pele para que alguém fosse considerado leproso e, nesse caso, seria evitado por todos, vivendo em completa exclusão social.

O Samaritano, ao ver o homem no chão, não o evitou. Pelo contrário, colocou-se no lugar dele: Aproximou-se dele; fez-lhe os curativos usando o que tinha para isso (vinho e azeite); colocou o homem machucado em seu cavalo; levou-o para uma pensão para ser cuidado de forma mais adequada; pagou o dono da pensão; prometeu pagar mais, quando voltasse de viagem, caso fosse necessário.

Vejam como esse samaritano agiu de forma diferente dos demais! Os dois primeiros não tiveram compaixão e, à pretexto de zelo religioso, lavaram as mãos diante da dor alheia. O samaritano fez o contrário e, mesmo sem conhecer a vítima caída na estrada, envolveu-se com ela e fez de tudo para ajudá-la. Naquela hora, colocou a caridade em primeiro lugar. Ele também tinha deveres e obrigações como todas as pessoas. Talvez, tivesse horários para cumprir e metas a serem alcançadas. Mas, naquela hora, deixou tudo, para socorrer o homem caído. Isso significa ter compaixão, empatia pelo outro. Jesus citou esse homem como exemplo e pediu ao mestre da lei que fizesse o mesmo. Em outras palavras, respondeu sua pergunta. A chave que nos abre a porta do céu é a compaixão e não a simples observação de um amontoado de leis e doutrinas.

Jesus disse ao mestre da lei que ele deveria amar o próximo. O mestre da lei não entendeu pois, não sabia quem seria o seu próximo. "Naquele tempo," pensavam que próximo fosse alguém da própria bolha, um parente de sangue ou alguém do mesmo clã. Acho, que ainda não superamos essa ideia. Atualmente, presenciamos aversão ao estrangeiro em muitos lugares do mundo. Nesse sentido, o imigrante é visto não como um igual mas, como um “cidadão” de segunda classe. O mundo ainda é percebido como um grande “Titanic” onde a primeira classe podia gozar dos privilégios e o restante sobreviver ao vale de lágrimas.  No Titanic a tragédia os uniu pois, todos, igualmente, naufragaram.

Não sei se o mestre da lei entendeu ou quis entender a resposta que lhe foi dada por Jesus. Às vezes, é mais conveniente fingir-se de surdo para não ter que mudar de vida. E nós? Será que entendemos que próximo é todo aquele ou aquela que precisa de nós independentemente de qualquer coisa? Pense nisso!

Foto: Arquivo pessoal. Eu e Dona Beja. 

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  1. Agir com compaixão. Este é o caminho para a vida eterna. O caminho da salvação!

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  2. Padre rico texto e também a entrevista do Padre ao final. Muito conhecimento a ser saboreado na escrita e na fala. Obrigada.
    Escolho o meu comentário destacando, a questão dos invisíveis, não o reconhecemos como sendo nosso proximo. Por exemplo: dizem que não podemos alimentar a malandragem dando esmolas, a maioria dominados pela droga, porque são eles que nos assaltam.
    Negar alguma ajuda seria o correto? Pelo ensinamento de Jesus Não! quem pode ajudar que o faça, não devemos perder a oportunidade, mesmo sendo pouco.
    Eu confesso que alguns mendicantes podem não tocar meu coração. Que Deus nos dê sabedoria para nossas ações. Quanto a este dificil problema, dos que já estão entregues ao vicio, esperamos que entidades governamentais não se omitem em relação eles. JESUS pede sempre compaixão.

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