E os outros nove, onde estão?
O Evangelho de hoje (Lc 17, 11- 19) é um dos mais bonitos textos bíblicos. Jesus estava subindo para Jerusalém passando pela Samaria, uma te...
O leproso, no tempo de Jesus era um morto vivo. Era um
contaminado que contaminava os outros. Por isso, era excluído social e civilmente.
Deveria viver isolado da convivência humana e não podia aproximar-se das
pessoas. O texto diz que, eles pararam a distancia conforme mandava a lei:
Quem for declarado
leproso, deverá andar com as roupas rasgadas e despenteado, cobrindo o bigode e
gritando: Impuro! Impuro! Ficará impuro todos os dias enquanto estiver nele a
doença. E impuro, viverá separado e habitará fora do acampamento. (Lv 13, 45).
Os leprosos chamaram Jesus pelo nome. Foram os primeiros a
fazerem isso. Assim também agiram o cego (Lc 18, 38) e o malfeitor, na cruz (Lc
23, 42). Quem chama Jesus pelo nome tem para com ele um relacionamento amigável
e confiante. O reconhecimento de nossas feridas nos dá o direito a invocar esse
nome Jesus, que significa: Deus salva! Aliás, ele veio para isso, ou seja, para
os pecadores. O grito dos leprosos feridos e abandonados foi o mesmo grito de Cristo
na Cruz que suplicou pela misericórdia do Pai quando se sentiu abandonado por
todos.
Os leprosos foram atendidos, mas não imediatamente. Jesus
ordenou-lhes, que fossem a Jerusalém mostrar seus corpos ao sacerdote. Cabia a
esse dar um “atestado médico” de cura e uma certidão de cidadania aos que eram
curados. Enquanto caminhavam foram curados, mas, apenas, um corrigiu a rota. Em
vez de cumprir uma lei que não curava nada, voltou à fonte da cura. Os demais
continuaram feito passarinhos que permanecem na gaiola mesmo com a porta
aberta. Estavam tão habituados em cumprir uma lei seca que não conseguiram se
libertar de seus preceitos antigos. Nesse caso, parece que não foram totalmente
curados. Aquele que voltou não se contentou com um copo d’água já que poderia
desfrutar de toda a fonte. Às vezes, também nós somos assim. Queremos, apenas,
os favores de Deus, mas, não queremos o Deus dos favores. Cultivamos uma relação
mercantilista com Deus sem perceber que Deus não quer oferecer-nos algumas
migalhas, mas quer se oferecer a nós por inteiro!
Ao perceber que voltou, apenas, um Jesus parece ter ficado
triste e perguntou: Onde estão os outros nove? Somente esse estrangeiro voltou
para agradecer... Os outros nove não foram curados por dentro, pois, a
ingratidão também é um pecado, uma doença espiritual. Que Deus nos livre de tal
doença. Ela não é uma lepra mas, também corrói a pessoa por dentro. Talvez, os nove leprosos já padeciam de uma
doença de nosso tempo chamada “meritocracia”. Nesse caso, pensaram que Jesus os
curou porque eles eram merecedores de tal cura! Muita gente age assim, ainda
hoje. São incapazes de agradecer qualquer favor recebido, pois se julgam
merecedores ou portadores de direito. Nesse caso, não precisam agradecer nem a
Deus. Assim agiam os fariseus no tempo de Jesus. Cumpriam meia dúzia de deveres
e, com isso, pensavam comprar o ingresso para o céu. Que Deus nos livre de tais
pensamentos!
Imagem: Criada a partir de IA




Padre acho que todos nós conhecemos alguém que planejou uma viagem à Aparecida do Norte ou outro Santuário, para agradecer por uma necessidade atendida.
ResponderExcluirSe tivermos que tirar uma mensagem deste evangelho, a palavra gratidão sintetiza tudo.
Deus gosta sim do nosso agradecer, afinal ele nos dá muitas bênçãos em nossa vida.
Cumprimento pela escolha da belíssima musica do padre Zezinho.
Que tenhamos a mesma coragem para pedir e agradecer. Que saibamos voltar sempre agradecendo, que não sejamos ingratos e que deixemos a cura se fazer de dentro para fora.
ResponderExcluirQue possamos ser curados por dentro e agradecidos por tanto que ele nos oferece!
ResponderExcluirMaravilha
ResponderExcluirDeus se manifesta.
ResponderExcluirPadre Geraldo, este texto é maravilhoso
ResponderExcluirPadre Gabriel,que texto maravilhoso. Lembro perfeitamente da época que os leprosos andavam pedindo comida.Minha mãe dizia, cuidado. ela colocava comida em marmitas e os mesmos levavam consigo. Sentavam debaixo de árvores para se alimentar. EU ficava só observando com muita pena.Temos muito mais de agradecer a Deus do que pedir, Deus está presente em nossas vidas e sabe de tudo que necessitamos.
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