O Leigo na Igreja
No último domingo do ano litúrgico, dia de Cristo Rei, a Igreja celebra também o dia nacional do leigo. A palavra "leigo" precisa ...
No último domingo do ano litúrgico, dia de Cristo Rei, a Igreja celebra também o dia nacional do leigo. A palavra "leigo" precisa ser bem entendida para não gerar confusão. Entre nós, ela possui diversos sentidos, inclusive o de desconhecimento. Isso fica claro quando alguém afirma: "Sou leigo nesse assunto". Ao dizer isso, a pessoa está afirmando que nada entende daquilo está sendo dito. Não é nesse sentido que quero falar do leigo. Leigo é todo aquele ou aquela que recebeu o batismo, mas não pertence à hierarquia da Igreja, ou seja, não é padre, diácono, religioso ou bispo.
Após o Concílio Vaticano II, em 1963, os leigos ganharam um novo reconhecimento na Igreja. Em muitos documentos oficiais a Igreja afirmou que os leigos devem ser protagonistas da evangelização e fermentar, com a presença cristã, as diversas realidades do mundo. Vale lembrar que nosso primeiro compromisso com Cristo começa no batismo. Todo aquele que recebe o batismo deve se esforçar para adotar para si, as mesmas medidas de Cristo. Todos devemos nos "con-formar" a Cristo, como dizia o Apóstolo Paulo (Rm 8, 29).
Talvez, por causa do hábito secular de apenas dizer amém, muitos leigos, ainda não descobriram o seu lugar na Igreja. Outros, estão em processo de descoberta e ainda dão muitas mancadas. Mas, existem aqueles que têm consciência de sua vocação e a assumem diante da Igreja. Particularmente, penso, que os leigos, e isso vale também para os padres, devem se esforçar em três aspectos. Sem eles, não conseguimos uma ação evangelizadora que atenda às necessidades da Igreja. O leigo deve ter espiritualidade, formação e organização.
O leigo sem espiritualidade corre o risco de querer transformar a ação evangelizadora em militância política. Refletir sobre a política e atuar nela é tarefa própria do leigo. Mas, o cristão sabe que o Reino de Deus não se confunde com os reinos desse mundo. Embora muito difícil, é possível atuar de forma cristã no mundo da política sem, necessariamente, querer transformar toda a Igreja num grande partido político. A organização das massas e a mobilização coletiva pode ser, apenas, uma estratégia para eleger um ou outro "salvador da pátria".
A espiritualidade, por sua vez, corre o risco de ser alienante e desencarnada de todas as realidades temporais. Essa é uma tentação continuada. Alguns podem imaginar que a fé nada tem a ver com a fome, o desemprego, a violência... Vivem assim, com os pés no ar...Nossa dificuldade talvez, seja de encontrar um equilíbrio entre fé e vida, contemplação e "militância" própria de todos os cristãos.
Outro aspecto necessário para a boa atuação do leigo é a formação. Nesse sentido, todos precisamos de "dar razões para a nossa esperança"(1 Pd 3, 15). Contando apenas com boa vontade não se vai muito longe. O leigo não pode ser "Maria vai com as outras". Ele precisa saber o porquê de suas ações e de sua crença. A catequese infantil, embora necessária, não basta para responder aos grandes questionamentos atuais. Perguntas de adultos se respondem com respostas de adultos. De nada adianta uma pessoa ter três cursos superiores e ter parado na catequese infantil. Esse tipo de leigo ajuda pouco a Igreja.
Certamente, você já ouviu dizer que "uma andorinha não faz verão". Mas, tem muitos leigos que querem fazer tudo sozinhos e isolados. Os Conselhos de Pastorais, os Conselhos de Leigos são muito importantes para se efetuar uma ação planejada na Igreja. Não adianta muito o leigo ter espiritualidade e formação mas não ser capaz de trabalhar em equipe ou querer fazer tudo sozinho. A força da evangelização está na capacidade de planejamento e execução de um projeto. Com improvisos não se vai a lugar nenhum e o Espírito Santo não costuma dispensar o nosso esforço.
Os caminhos acima parecem difíceis, mas na verdade, são interdependentes. Um acaba levando ao outro. Quem quer alimentar uma espiritualidade acaba se aprofundando na fé. Esse aprofundamento leva a pessoa ao engajamento pastoral. Mas, a ausência de um desses aspectos leva a pessoa a uma ação estropiada e míope. Os três aspectos se entrecruzam e se completam. Em qual deles você precisa crescer mais?
Pense nisso!
Imagem: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay




Para todos nós, sacerdotes e leigos, precisamos de uma sólida formação pastoral, organização e uma espiritualidade centrada em Jesus Cristo, o bom Pastor!
ResponderExcluirQue texto bom! Apresentou argumentos com muito conhecimento de causa.
ResponderExcluirFaço um destaque na frase que já ouvi algumas vezes do Senhor, e que encaixa em muitos momentos nas pessoas que se apresentam e criam expectativas na colaboração evangelizadora. "Os fogo de palha". Leigos comprometidos e realmente atuantes são os(as) valorosos(as), para ajudarem na Igreja de Cristo.
Bela música, e com uma letra muito apropriada para o tema em questão. Parabéns .