A notícia me chamou a atenção: Dois corpos congelados e mumificados foram encontrados no Pico Orizaba – região central do Méxic...
A notícia me chamou a atenção:
Dois corpos congelados e mumificados foram encontrados no Pico Orizaba – região central do México – a mais de 5.610m de altitude. A suspeita é de que eles fossem alpinistas mexicanos, surpreendidos por uma avalanche há mais de 50 anos. A posição dos corpos mumificados permite acreditar que os homens morreram abraçados.
Pois é. Deus não criou o homem para viver só. Mas, às vezes, é preciso uma calamidade para que aconteça um abraço. A notícia é trágica e faz pensar. A tragédia, muitas vezes, é o que nos une. Realidades como o sofrimento e a morte tem grande capacidade de nivelamento social. Diante da iminência da morte ninguém fala de investimentos, aplicações financeiras ou fazendas no Mato Grosso. Quando há uma enchente ou deslizamento de terras, todo mundo se une para ajudar os flagelados. Que pena! Seria tão bom se uníssemos mais para festejar e menos para reparação de danos!
Deus criou o homem e deu-lhe um poder quase infinito. Ele poderia comer de todos os frutos do jardim. O jardim foi a primeira morada do homem... Somente de um dos frutos não poderia provar. Se fosse o contrário, teria sido uma grande maldade! Mas, de maldade Deus não entende. Livre e solto o homem pôde nomear os bichos, brincar de esconde-esconde, gerar filhos, construir pontes e viadutos. Podia ver tudo, menos o próprio rosto. Para tirar um cisco no olho precisava do outro. O outro passou a funcionar como espelho. Ele via o que o próprio sujeito não via, inclusive seus defeitos... Por isso, o primeiro sujeito, para dispensar o irmão, inventou o espelho. Mas, não adiantou muita coisa. Nem com ajuda de espelhos a gente vê grandes coisas!
Apesar do plano de Deus, o homem ainda briga demais e, de vez em quando, um quer engolir o outro. Deus nos criou para sermos irmãos e não lobos. Mas, a brincadeira de lobos teve início no paraíso quando aconteceu o primeiro assassinato. O sangue da vítima cobrou justiça divina.
Deus ficou com raiva daquilo e botou todo mundo para correr. Deu no que deu! Hoje, por quase nada, um irmão maltrata o outro. Agimos feito cães que brigam até por um pedaço de osso! Numa mesma família não é raro encontrar irmãos que não conversam e não se entendem. Na sociedade a coisa não é diferente. Somos iguais. Mas, alguns pensam que são melhores que os outros. Que pena! O nome arranjado para essa avalanche de desentendimentos é pecado. Será que precisamos de uma nova avalanche de neve para dar um abraço?
Imagem de David Mark por Pixabay