Bendita dor
Certamente, todos já conhecem a história da ostra que transformou em pérola um pequeno grão de areia que penetrou no interior de seu cor...

https://ggpadre.blogspot.com/2016/08/bendita-dor.html
Certamente, todos já conhecem a história da ostra que transformou em pérola um pequeno grão de areia que penetrou no interior de seu corpo causando-lhe muita dor. Pois é. É uma pena que a gente não consegue fazer isso com um cálculo renal. Uma “pedra” no rim, quase mata a gente de dor e quando sai continua sendo pedra mesmo. Brincadeiras à parte, transformar pedras em pérolas não é especialidade só das ostras. Muitos de nós, também conseguimos esse feito. Aliás, a gente costuma adquirir grandes conhecimentos e crescer muito com as experiências dolorosas. Não creio que haja crescimento com aplausos. Para ilustrar esse fato vou descrever uma história que nasceu em uma das entrevistas que fiz. Dessa vez, a conversa foi com Fábio Méller (nome artístico), um jovem violeiro de Pará de Minas. Fábio Méller é um artista de muita sensibilidade e toca viola caipira. Ao ser perguntado sobre uma de suas músicas (Queimada) me disse o seguinte:
Certa vez, ao chegar da fazenda, vi uma grande queimada na pastagem. A bicharada estava maluca e fugia, desesperadamente, do fogo. Milhares de insetos, roedores e filhotes de passarinhos morreram por não ter como fugir. Aquilo doeu muito. E o pior é que eu não pude fazer nada a não ser contemplar aquele espetáculo de horror. Muito triste, entrei no rancho e pequei a viola. Tentei, nas cordas, traduzir minha dor. Deu nisso!
Assim como Fábio Méller, que converteu em música sua tristeza e indignação, diversos autores conseguiram transformar em pérolas o que antes lhes causavam sofrimento. Picasso, grande pintor espanhol, retratou de forma esplêndida, num de seus quadros, o bombardeio cruel à Cidade Basca de Guernica.
Grandes santos da Igreja também produziram coisas lindíssimas em momentos de profunda dor. São João da Cruz, por exemplo, escreveu os mais lindos textos quando estava aprisionado no convento em Toledo. Santa Terezinha cantou o amor de Deus apesar dos espinhos (tuberculose) que perfuravam-lhe as carnes. O maior exemplo de transformação da dor pelo amor foi dado por Cristo que, transformou a cruz, de instrumento de condenação, em sinal de salvação.
Clique aqui e ouça a música: "Queimada"