Chagas abertas
E Jesus pôs-se no meio deles... Assim nos afirma o texto bíblico (Jo 20,19). A iniciativa foi de Jesus. Ele havia ensinado tudo ao grupo...
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E Jesus pôs-se no meio deles... Assim nos afirma o texto bíblico (Jo 20,19). A iniciativa foi de Jesus. Ele havia ensinado tudo ao grupo dos apóstolos. Ainda assim, eles continuavam com medo, pois estavam com as portas bem fechadas! No meio deles, e não num canto qualquer Jesus os tranqüiliza com a familiar saudação de paz. Logo, em seguida, mostrou-lhes as mãos e o lado aberto. Na verdade, mostrou-lhes as marcas dos grandes ferimentos, ocasionados pela maldade humana. Em Lucas, além de mostrar-lhes as chagas das mãos motrou-lhes também os pés feridos (Lc 24,38) e convidou-os a tocar-lhe as chagas. Em seguida, pediu-lhes comida. Eles ofereceram a Jesus a comida de sempre: Peixe e pão.
Por que Jesus insistiu em mostrar as chagas aos apóstolos? Ao que parece, tais chagas não foram cicatrizadas. Cada um de nós tem suas marcas. Algumas são de nascença outras adquiridas. Algumas adquiridas com muita dor como se fossem provocadas por um ferro em brasas. Jesus não nasceu com chagas, nasceu com a marca do amor divino e, por isso, tudo suportou ao longo da vida. E quantas chagas ganhou e ganha até hoje! Um descaso aqui, uma rejeição acolá; uma perseguição aqui, e alguns desprezos por lá... A maioria das chagas de Cristo, e nossas, são invisíveis. Ele e também nós, conseguimos esconder a maioria das chagas recebidas. No caso de Jesus, cada chaga abriga uma história de amor! Uma vez chagado e ferido, nosso Deus se identifica com todos os chagados da história.
Com duros pregos, os homens do coração duro rasgaram as carnes do corpo de Cristo. Com lança abriram-lhe o peito e do seu coração divino jorrou uma verdadeira cachoeira de graças. O primeiro atingido por elas, foi o dono da lança. Cristo foi assim como o sândalo, que perfuma o machado que o fere... Com seu peito aberto Jesus acolhe a todos em seu coração. Assim como as pombas procuram proteção nas fendas das rochas, durante as tempestades, podemos fazer das chagas de Cristo um refúgio seguro diante das tempestades da vida! Agora a salvação está mais perto do que imaginamos. Com o peito aberto o Divino Filho do Pai Eterno facilitou nosso acesso a Deus. Por isso, dizia o poeta:
O teu coração sem portas, sempre aberto,
que fácil é roubar-te o Paraíso!
Ladrões, todos nós,
Depredadores do cosmos, da natureza e da vida,
somente podemos salvar-nos assaltando-te, ó Cristo.
Em nosso “hoje” cotidiano,
Essa Misericórdia que jorra no teu sangue...
(Dom Pedro Casaldáliga)
Por tudo isso, meu irmão, acho que Cristo, preferiu deixar suas chagas abertas para sempre. Para que ninguém se esqueça do preço do seu resgate...