Encontro na Rua Direita

Em Damasco havia um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou numa visão: “Ananias!” E Ananias respondeu: “Aqui estou Senhor!” O Sen...


Em Damasco havia um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou numa visão: “Ananias!” E Ananias respondeu: “Aqui estou Senhor!” O Senhor lhe disse: “Levanta-te, vai à rua que se chama Direita e procura, na casa de Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está rezando.” Atos 9, 10-11

Algumas cidades, como Pará de Minas, ainda conservam a expressão “Rua Direita” para nomear uma rua, quase sempre a principal, que começa à direita da porta da Igreja e atravessa a cidade…

A expressão, pelo que parece, vem de longa data e remonta à tradição portuguesa. Com o passar dos tempos os políticos tiraram esse nome e, na maioria dos casos, deram nomes de outros políticos para tais ruas. A Rua Direita, em Pará de Minas, passou a ser chamada, oficialmente, de Rua Benedito Valadares. É provável, que boa parte da população, não saiba onde fica essa rua. Com certeza, sabem onde fica a Rua Direita. Quase sempre é assim: os políticos arranjam nomes bonitos, mas o povo prefere outros nomes. Em nosso caso, a Praça Melo Viana, continua a ser Praça do Rosário e o Instituto Coronel Bejamim Ferreira Guimarães (É assim que se escreve?) continua a ser o nosso Patronato. O Bairro Coração Eucarístico de Jesus, na melhor das hipóteses é Tabatinga, na pior, Buracão. Deixando de lado essa breve digressão, constatamos que a expressão “Rua Direita”, aparece também na Bíblia. Certamente uma criação do Império Romano, que cuidava das vias e ruas para que os impostos chegassem mais rápido aos cofres públicos. Mas isso não vem ao caso. A citação acima nos servirá apenas para realçar o magnífico encontro entre duas grandes figuras do Cristianismo nascente: Saulo e Ananias.

Ananias, apóstolo de Cristo, certamente estava em Damasco para fugir da perseguição religiosa em Jerusalém. Após a morte de Estevão o ambiente para os cristãos em Jerusalém tornou-se insustentável. O novo grupo religioso nem tinha um nome definido. O nome “cristão”, para designar os seguidores do Nazareno que se dizia o ungido de Deus, vai aparecer somente mais tarde em Antioquia da Síria.

Paulo, antes da conversão, era um fariseu revestido de poder e estava indo para Damasco a fim prender os cristãos. Era um judeu zeloso de suas crenças e não podia permitir que a lei judaica fosse questionada por um grupo de dissidentes que afirmavam a vinda do messias. A idéia de um messias crucificado seria algo inadmissível para ele. É certo que ele também esperava o Messias. Mas, um messias forte, libertador de seu povo e modelo de zelo pela lei e pelo templo. A reviravolta em sua vida aconteceu na estrada de Damasco. Ele teve uma visão do próprio Cristo que estava perseguindo. O caçador tornou-se caça.

Ananias sabia da fama de Paulo. Sabia que se tratava de um homem cruel que presenciou, inclusive, a morte de Estevão. Mas, segue obediente a voz de Deus e vai ao encontro de Paulo sem saber o que o esperava. Tamanho deve ter sido sua surpresa ao saber que Paulo mudara de lado. Agora, em vez de perseguir os cristãos, tornou-se ele mesmo um cristão fervoroso. Ali mesmo batizou aquele que seria mais tarde o “Apóstolo das nações”.
O encontro na Rua Direita foi decisivo no cristianismo nascente. Desse encontro de Paulo com a Igreja nasceu um grande trabalho missionário. Paulo enfrentou as maiores dificuldades e desafiou o mundo, mas levou a Palavra do Senhor a todos os povos. Oxalá aconteça, atualmente, outros encontros assim. As ruas direitas estão aí e o mundo pede novos evangelizadores. A Palavra de Deus pede alguém que a carregue e a proclame. Quem sabe você não se candidata?

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