Guernica

Visitei uma família. O pai idoso e já debilitado não conseguia se movimentar sem auxilio de uma cadeira de rodas. A mãe anêmica não esco...

Visitei uma família. O pai idoso e já debilitado não conseguia se movimentar sem auxilio de uma cadeira de rodas. A mãe anêmica não escondia a tristeza no rosto. Os dois filhos envolvidos com drogas não ajudavam em nada. Aliás, atrapalhavam. Eram a razão da angústia dos pais que viam faltar alimento no armário e não tinham como pedir o religamento da energia. Agora estavam decididos: mesmo em condições desfavoráveis iriam lutar pela guarda da neta. Não queriam, de modo algum, que a menina convivesse com o pai naquele estado. Infelizmente, essas cenas não são raras nos dias atuais. Costumo dizer que, hoje, o diabo tem nome: chama-se droga! O que vemos não deixa de ser irônico. Nunca alcançamos um nível de desenvolvimento tecnológico tão grande! O mundo ficou pequeno pelos recursos que dispomos na área da comunicação. Existem exames de saúde avançadíssimos e temos remédios pra quase tudo. Apesar disso, tropeçamos em coisas elementares. Parece, que falta-nos, sentido para a vida. Estamos em campo para jogar, mas não sabemos onde está o gol. Por isso, nos cansamos e desistimos de jogar. A sociedade de consumo, sustentada pela propaganda, promete o paraíso na terra. Os apelos se multiplicam e nos convidam para direções, muitas vezes, opostas. Além disso, temos nossos pequenos ídolos e não estamos dispostos a abrir mão deles. São nossos “pecados de estimação”. Vitimados por inúmeras tiranias perdemos a bússola que nos dá a orientação de vida.  Estamos fragmentados. Na verdade, estamos em pedaços feito o quadro “A queda de Guernica”, de Pablo Picasso. Naquele quadro, pintado em 1937, Picasso deixou um retrato da situação do homem dilacerado pelo bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães, apoiando o ditador Francisco Franco. Na época de Jesus havia uma situação semelhante à que descrevemos acima. O homem daquele tempo também estava perdido. A lei e os profetas que serviam de bússolas na vida do povo já não cumpriam a função de orientar. João Batista, o “último dos profetas” fora assassinado. A lei se parecia a um “balaio de gatos”. Os dez mandamentos, dados a Moisés, foram multiplicados em mais de seiscentos pelos especialistas do tempo. O templo não passava de um peso na vida do povo. Nesse amaranhado de situações, alguém pergunta a Jesus qual seria o mandamento mais importante.  Jesus mostra o gol quando simplifica as coisas: Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo!  Ao dizer isso, não inventou nada de novo. Apenas lembrou-lhes o essencial. Talvez, seja exatamente isso, o que nos falta hoje. Diante dos infinitos apelos que prometem felicidade a baixo custo falta-nos a observância do essencial. Amar a Deus e ao próximo, poderia trazer-nos de volta a felicidade perdida nessa nova guernica.

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