Habitação
A palavra habitação, tem entre nós, um sentido sagrado. Ter onde habitar é ter proteção garantida diante das ameaças que nos afligem. M...
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A palavra habitação, tem entre nós, um sentido sagrado. Ter onde habitar é ter proteção garantida diante das ameaças que nos afligem. Mas, na história dos homens nem sempre foi assim. Os ciganos e beduínos ainda são povos nômades e não possuem uma habitação fixa. Talvez, por isso, se sintam ou devessem sentir como cidadãos do mundo. O povo de Israel conheceu essa dura experiência de insegurança na travessia pelo deserto. O livro do Êxodo trata bem dessa questão. Nem o próprio Deus teve uma habitação fixa uma vez que, escolheu caminhar com seu povo. No capítulo 40, desse livro, Moisés recebeu de Deus as orientações sobre a “montagem” de uma tenda onde Ele pudesse falar com seu povo. Sobre a tenda, pairava uma nuvem durante os dias e uma luz durante as noites. Era a presença de Deus. Assim que a nuvem se levantava sobre a tenda o povo de Deus punha-se em marcha rumo à terra prometida.
Somente mais tarde, com o Rei Davi, o povo de Deus pensou em estabelecer uma morada fixa para Deus. Esse sonho de Davi acabou sendo realizado por Salomão no Séc XI a C. Em torno do templo construiu-se toda uma cultura que nem sempre agradou a Deus. Com o tempo surgiram os “especialistas” e “funcionários” do templo. Muitos deles vão se indispor com Jesus mais tarde. Deus, com sempre, é surpreendente! Por isso, tomou uma decisão inédita. No tempo certo, enviou-nos o seu Filho, nascido de uma mulher. O nome dessa mulher era Maria. Sobre ela veio a força do alto que a cobriu como uma nuvem. Então o “Verbo se fez carne e habitou entre nós”. O seio virginal de Maria tornou-se o novo templo, ou seja, a nova habitação de Deus. Maria tornou-se, por vontade de Deus, o tabernáculo da nova aliança.
Ao final de sua vida, “estando para ser entregue”, Jesus não quis abandonar-nos para sempre. Por isso, durante uma ceia, tomou o pão, deu graças, partiu-o e o entregou aos seus discípulos dizendo: Tomai e comei. Isso é o meu corpo que será entregue por vós. Fez a mesma coisa com o vinho. Tomou o cálice, agradeceu e o entregou aos seus discípulos dizendo: Tomai e bebei, esse é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para o perdão dos pecados. Pronto. Estava instituído o Sacramento da Eucaristia. Eucaristia é isso: a presença real de Deus com seu povo. Eucaristia é alimento e remédio para nossa fraqueza, mas também é digna de adoração. Por isso, ao entrar numa Igreja, olhe onde está o sacrário e faça sua reverência. Ali está Jesus vivo e presente esperando por você. Ele se faz presente em cada sacrário e quer ser nossa força e alimento. Você já pensou na riqueza dessa verdade? Deus ainda habita entre nós. Está escondido na simplicidade do pão e do vinho. Aliás, o caminho da simplicidade sempre foi o caminho escolhido por Deus. Nós é que gostamos de realçar as grandezas que não temos. Deus que é realmente grande e poderoso quis nascer como criança e viver no anonimato dos seus até a vida adulta. Morreu numa cruz como um condenado qualquer e até hoje passa despercebido por muitos na simplicidade da Eucaristia…
Gosto de entrar nas Igrejas e localizar o sacrário. Vou diante dele e me ajoelho. Sei que ali tem alguém muito maior do que eu e que me ama. Ainda que não tenha ninguém na Igreja ela estará sempre cheia se Jesus estiver ali. Por isso é bom refletir: como me comporto na Igreja? Costumo entrar nela de qualquer jeito? Fico mascando chicletes ou atendendo celular dentro dela? Fico sempre olhando o relógio ou namorando na hora da missa? Minhas roupas e meu comportamento são condizentes com esse espaço? Penso mais nas fotografias que na espiritualidade do que celebro? Tenho claro para mim, que Cristo está presente nesse ambiente e habita entre nós?
Tomara que esse texto sirva para sua reflexão…