Mensagem de Natal 2

Estamos, mais uma vez, celebrando o mistério insondável do Natal. Diante do Menino Jesus o que vemos?  - Uma “imensidão pequenina”. Olhamos para o menino, de faces rosadas e olhar inocente e podemos ver o rosto divino de Deus Infinito. Olhamos para Deus, com sua infinita majestade, e vemos um rostinho puro da criança. Esse sim é um grande mistério! E assim, como uma única gota de orvalho pode refletir o céu, por inteiro, no rostinho do Menino, podemos contemplar a imensidão de Deus...

Diante do presépio algumas perguntas são inevitáveis:

- Como um Deus que é, por natureza, tão grande pode se preocupar comigo, que sou tão pequeno? Ele, que é infinito, lembrou-se de minha pobre condição humana, e eu, que sou tão pequeno, costumo virar-lhe as costas...

- Como Ele sendo tudo pode se preocupar com pouca coisa? Quem sabe com pouca coisa não podemos mudar um mundo? Acho que Ele seria capaz de morrer por uma única pessoa...

- Que tenho de tão especial para que Ele desejasse minha amizade quando o inverso é que seria o esperado? Sei que devo gostar de Deus, mas vejo que seu amor por mim é sem medidas...

Depois dessa criança o mundo nunca mais foi o mesmo. Ela santificou as águas e perfumou os espaços, assim, como disse o poeta:

“Mil graças derramando, passou por esses bosques com premência e, enquanto os olhava, apenas com a sua aparência vestidos os deixou de formosura” (São João da Cruz – Cântico espiritual 05)

Esse Deus que se fez criança esperou séculos para assumir um coração humano e entrando em nossos caminhos ensinou-nos também os seus. O seio da Virgem foi seu primeiro sacrário, o presépio o segundo, a sepultura o terceiro. Mas o coração humano é seu sacrário definitivo. Assim como Ele nasceu em Belém, nasce em cada missa sobre o linho branco do altar. Lá Ele se fez carne, mas aqui ele se encarna em cada um de nós. Maria tirou as aflições do Deus Menino. Hoje Ele alivia nossas aflições.

Diante do presépio fico mudo e sem palavras. A Palavra encarnada é quem me fala. Fala do amor que venceu as distancias e veio dar novo sentido à vida humana. 

O natal me lembra de renovação e recomeço. É hora de acordar, de se preparar para ir ao encontro da luz. O acontecimento é sempre novo. Deus renova todas as coisas! Celebrar o Natal, mais do que acreditar em Deus é acreditar no humano, pois o Verbo de Deus se fez carne e não se envergonhou de nossa pobre condição.  Deus entrou em nossas vidas para que nós entrássemos na vida divina e vivêssemos na graça de seu olhar. 

Menino Jesus, meu coração é mais pobre que o presépio. Mas, grande é seu amor por mim. Por isso, meu bom menino, não recuse esse espaço.  Faça dele seu eterno sacrário! 

Amém.

Imagem de armennano por Pixabay