O Pastor e as flores

Calem, calem todas! – Vocês não me convencerão que Deus as criou para que eu pudesse contemplar sua glória... 

Assim dizia um pastor que esbravejava com as flores no caminho. E enquanto quebrava as flores com seu cajado os grilos e as cigarras cantavam...

Uma santa dizia que a beleza das criaturas censura nossa ingratidão para com o criador.  Outro afirmou que para conquistar o amor dos homens, Deus lhes lançou no coração vários dardos de amor. Esses dardos são todas as criaturas que vemos, porque Deus as fez para o homem a fim de ganhar o seu amor. Mas como o caçador deixa a melhor flecha para o golpe fatal, na plenitude dos tempos, Deus reservou-nos o seu Filho Jesus. Ele sim foi quem melhor nos falou do amor do Pai.

Deus criou o homem com amor e de honra e glória o coroou. Colocou-o num jardim para que ele pudesse desfrutar de toda a beleza criada. Mas, o homem pecou e virou as costas para Deus. O Pai que ama, infinitamente, aquele que ele criou à sua imagem, tentou de diversos modos, recuperar a amizade perdida. Por isso, falou-nos através dos santos e profetas. Como se isso não bastasse, veio, em pessoa, para nos resgatar. Aquele que nos criou por amor, por amor nos resgatou.  Por isso, quando chegou à plenitude dos tempos Ele enviou-nos o seu Filho, nascido de uma mulher. E o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós. E nós vimos a sua glória. Se olharmos, atentamente, para o presépio iremos perceber na pequena criança a grandeza de um Deus que, para nos salvar, se fez igual a nós.   

Assumindo um corpo Deus foi criança, carpinteiro, condenado... Hoje é pão. Pão que alimenta e sustenta. Deus tem a virtude da simplicidade e para entender seus caminhos é preciso ser simples. É preciso ter a simplicidade das flores, dos pássaros estrelas e cigarras...

Senhor Jesus, que eu não quebre as flores e as pessoas que me falam de vós! Que a flecha do vosso amor incendeie meu coração e que, juntamente, com os grilos e cigarras eu cante, eternamente, a vossa glória.  

Amém!