Milagre dos peixes

Nosso mundo descrente não tem dificuldades em aceitar as afirmações da ciência, ainda que, parte delas, não passem de mitos. O mesmo...

Nosso mundo descrente não tem dificuldades em aceitar as afirmações da ciência, ainda que, parte delas, não passem de mitos. O mesmo comportamento, não se observa, entretanto, no que diz respeito ao campo da fé. Grande parte dos relatos de milagres, registrados pela história, são vistos com desconfiança ou, simplesmente, colocados no campo da fantasia. 
Devemos concordar que, de fato, nem tudo que o povo considerou milagre o era na verdade.  Não me cabe agora definir ou explicar o que seja, ou não seja um milagre, até porque, para mim, a vida toda e toda forma de vida é um grande milagre.  É milagrosa a força que faz germinar a semente e que põe em movimento a roda dos ventos; é um milagre o fato de você poder enxergar, ler e entender esse texto que ora escrevo; o calor do sol que dá vida à terra é puro milagre! É milagroso o balançar das ondas que se perde no azul infinito do mar; verdadeiramente é milagre o sujeito humano, puro reflexo da imagem divina...

Gostaria de comentar, nesse texto, um milagre atribuído a Santo Antônio. O relato desse milagre acompanha todos os escritos sobre esse grande santo do Séc. XII.  Trata-se do “Milagre dos Peixes”. Dizem que Santo Antônio era um grande pregador e que colocava toda sua oratória em defesa da fé. Por isso, foi chamado de “O martelo dos hereges”. Certa vez, foi pregar na Cidade de Rimini (Itália). Tal Cidade estava infestada de vícios e heresias. Nela Santo Antônio “gastou todo seu latim” sem obter nenhum sucesso. Apesar de sua santidade e sabedoria ninguém quis lhe dar ouvidos. Sem sentir-se fracassado Santo Antônio dirigiu-se, serenamente, para as margens de um rio. Com voz forte começou a pregar aos peixes: - Peixes do mar e do rio! Atendei vós à Palavra de Deus, visto que, os infiéis e os hereges recusam a ouvi-la! Diante desse apelo do santo, imediatamente, viram-se o agitar das águas daquele rio e peixes, de todos os tamanhos, colocaram as cabeças para fora d’água.  Antônio, cheio de Deus, recordou-lhes que eles foram salvos do dilúvio. Enumerou-lhes ainda diversas passagens bíblicas onde eles foram citados e elogiou-lhes por terem abrigado o Profeta Jonas e servido de alimento ao próprio Cristo. Os peixes se dispersaram do local apenas quando o santo terminou sua homilia. A conclusão do discurso não foi dirigida aos peixes e sim aos homens: - “Escutam melhor a Deus os seres privados da razão do que os homens privados da fé...”.
A história de Santo Antônio é carregada de cenas desse tipo. O milagre dos peixes faz a gente pensar: - Até que ponto temos ouvidos para as coisas de Deus? Jesus disse que os discípulos seriam pescadores de homens. Mas quais seriam as iscas para pescar os homens de hoje para Deus? Já que não temos a oratória e, muito menos, a santidade de Antônio busquemos, pelo menos, as ferramentas adequadas para essa grande pesca. E que Santo Antônio nos ajude!

Related

Crônicas 2108467563719046685

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário

emo-but-icon

Siga-nos

dedede2d

Vídeos

Mais lidos

Parceiras


Facebook

item