Mulher de verdade
Não foram poucas, às vezes, que me apanhei assoviando a música “Amélia”, de Ataulfo Alves. Na verdade, o nome da música, escrita por ...

Não
foram poucas, às vezes, que me apanhei assoviando a música “Amélia”, de Ataulfo
Alves. Na verdade, o nome da música, escrita por Mário Lago, é: “Ai que saudade
da Amélia”. Num mundo onde as diferenças entre homem e mulher parecem cada vez
mais niveladas não deixa de ser curiosa a letra da música que faço questão de
transcrever aqui.
Eu nunca vi fazer tanta exigência
Nem
fazer o que você me faz
Você
não sabe o que é consciência
Não
vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo
que você vê você quer
Ai
meu Deus que saudade da Amélia
Aquilo
sim é que era mulher
Às
vezes passava fome a meu lado
E
achava bonito não ter o que comer
E
quando me via contrariado
Dizia,
meu filho, o que se há de fazer?
Amélia
não tinha a menor vaidade
Amélia
que era a mulher de verdade
Amélia
não tinha a menor vaidade
Amélia
que era a mulher de verdade
Penso que se alguém, hoje, fizesse serenata para a namorada, com essa música, acabaria decretando o final do relacionamento. Atualmente, a obra estaria politicamente incorreta. Ao contrário da Amélia, que não tinha a menor vaidade, hoje temos narcisos demais. Alguns estão levando processo judicial por exagerar nesse ponto.
Não sei se procede o que li, em algum lugar, que uma poderosa fábrica de cosmético teve dois anúncios de seus produtos vetados, no Reino Unido, por usar uma imagem de uma bela atriz, alterada no computador. A imagem manipulada por “Fotoshop” não retratava a “mulher de verdade”. Era montagem! Isso gerou motivos para que alguém vetasse a propaganda dos produtos. Ela poderia induzir as mulheres ao erro de pensar que usando tais produtos ficariam como a imagem da foto, com certeza, mais bonitas que a própria atriz em questão. As imagens foram consideradas exageradas. Talvez, nenhum produto de beleza do mundo pudesse garantir resultados idênticos…
Parece que poucas mulheres andam satisfeitas com suas imagens. Trocam, facilmente, a mulher real pela ideal. No plano ideal tudo é belo e tudo funciona. Na realidade é impossível esconder as varizes, estrias e outras coisinhas mais…
Você já pensou se essa lei britânica pegasse aqui no Brasil para regular o uso das imagens? O que seria dos políticos em época de campanha eleitoral? Estou cansando de ver retratos de políticos extremamente “banhados” de Fotoshop. Até um, que conheço pessoalmente, e sei que não é nenhum exemplo de beleza, ficou bem ajeitado no outdoor… Em alguns casos, nem a mais avançada versão do Fotoshop daria solução. Concordo que a música de Ataulfo é meio exagerada. Ter um pouco de vaidade é direito de todos. Até mesmo a Amélia poderia continuar a “ser de verdade” com um pouco de maquiagem. Por outro lado, tomar um processo, por alterar tanto uma imagem já é demais! Nem tanto ao mar nem tanto à praia! As Amélias que se cuidem…