Modernidades
Sempre procurei andar antenado com meu tempo. Mas, como está difícil a adoção de certas novidades. Olhe que não estou falando de cel...

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Sempre procurei andar antenado com meu tempo. Mas, como está difícil a adoção de certas novidades. Olhe que não estou falando de celular ou TV digital. Nada disso. Ainda sinto falta daquele fogão que tinha “orelhas”. Como era bom! A gente tinha um lugar para descansar a colher após mexer a comida. Depois do almoço era só deslocar as abas do fogão e lavá-las ao tanque. Falando dessas “antiguidades” acabo confessando que estou ficando velho. E daí? Quem puder que atire a primeira pedra…
Outros dias, quando fui esquentar o leite tive uma grande decepção. O bendito parece que estava só me esperando virar-lhe as costas. Foi um pequeno descuido e pronto. Tive um trabalho enorme para lavar o fogão e ainda por cima me queimei ao retirar a panela do fogo e não ter onde colocá-la. É nisso que dá essas modernidades.
Devo confessar que tenho saudades de muitas coisas. Você se lembra do Rádio Semp. Aquilo é que era rádio! Tão fácil de ligar… Para escolher a estação (naquele tempo falava-se “estação”) era moleza. A gente torcia a orelha do bicho e ia fiscalizando com o olho até que o “ponteiro” parasse no número conhecido. Botava volume e pronto, a festa estava garantida. Tinha ainda outro luxo quase desnecessário. Uma “chave” que servia para o som ficar mais abafado. Em minha casa dava até brigas por causa disso. Alguns gostavam do som abafado, outros do som desabafado. Por pouco não dava mortes!
Devo confessar que tenho saudades de muitas coisas. Você se lembra do Rádio Semp. Aquilo é que era rádio! Tão fácil de ligar… Para escolher a estação (naquele tempo falava-se “estação”) era moleza. A gente torcia a orelha do bicho e ia fiscalizando com o olho até que o “ponteiro” parasse no número conhecido. Botava volume e pronto, a festa estava garantida. Tinha ainda outro luxo quase desnecessário. Uma “chave” que servia para o som ficar mais abafado. Em minha casa dava até brigas por causa disso. Alguns gostavam do som abafado, outros do som desabafado. Por pouco não dava mortes!
O mundo girou e muita coisa ficou melhor. Mas, no giro do mundo, muita gente ficou para trás. Às vezes, eu mesmo ando tropeçando nas novidades. Em minha casa tenho uma máquina de lavar da marca “Brastemp”. É uma das primeiras que saiu. Desconfio que veio dos Estados Unidos na comitiva de Carmem Miranda. Mas, a tal máquina é um luxo! Você não vai acreditar. Mas, até a Brastemp deu-me uma surra esses dias. Cheio das responsabilidades fui lavar a roupa. Para ganhar tempo, deixei-as de molho na noite anterior. Botei as luvas e a máscara. Detesto outra modernidade chamada sabão em pó. Acho que o “em pó”, contraria a lei natural dos sabões. Todo sabão deveria ser de bola ou de barra! Já pensou que coisa estranha um punhado de sabão em pó! Aliás, isso deveria ser proibido. Meu sobrinho quando criança bebeu um copo de detergente com cheiro de morango, pensando que fosse suco. Viu? A coisa é de família! Já pensou se ele achasse que sabão em pó fosse farinha com açúcar! Bom, voltemos à estória da roupa. Você não imagina o dissabor que tive com a máquina. Girei o botão e nada. Dei a volta completa e ela não reagiu. A roupa já estava de molho e eu em completo desespero. Quase busquei a bacia. Então resolvi ligar para um técnico. Ele foi perguntando e eu respondendo. A falta de paciência foi aumentando. Para não confessar minha ignorância acabei falando que o problema estava resolvido. Aí a coisa piorou. Cheguei a amaldiçoara todas as brastemps do mundo. Quando já estava disposto a lavar tudo na unha, Deus lembrou-se de mim. Sem querer afundei a tal chave, a mesma que já havia girado um milhão de vezes, e aí, sozinha, a máquina ligou.
Sei que não deveria confessar publicamente esses “micos” que ando pagando. Mas, já que comecei então aí vai mais um. Quando me mudei para o Bairro D. Bosco compraram para mim um fogão novo. Seis bocas num mesmo fogão! Isso não vai dar certo, pensei. Não disse nada. Apenas agradeci a generosidade da Paróquia. Deixei para experimentar o forno sozinho. Afinal, prudência e caldo de galinha não fazem mal para ninguém. De imediato vi um “defeito”no fogão. O forno não ligava nem ao poder de promessas. Pensei em ligar para a loja, pois isso se resolve dentro da garantia. Não sei se foi pelo nervosismo, mas não vi nenhuma dica sobre isso no manual. Não seria possível, que fosse senha, pois, fogão não é cofre! Escaldado pela experiência anterior de ter deixado a roupa de molho antes de experimentar a máquina, dessa vez, não preparei nada com antecedência. Primeiro fui desvendar o enigma de esfinge. Desisti de ligar o forno. Como quem não quer nada “comentei por alto” sobre fornos com minha secretária. Movida pela inocência ela me confessou: “Primeiro tem que apertar o botão e segurá-lo por um tempo e só depois o fogo permanece aceso”. Fingi que não havia sido vítima do fogão novo, mas fiquei torcendo para ter um momento de intimidade com o fogão. Isso aconteceu depois do expediente. Fiquei sozinho e Deus, com o fogão novo. Fiz a lição de casa. Receoso de não dar certo, abri o gás, apertei o botão e, tenso, contei até dez. Foi batata! Bastou apertar o acendedor e a coisa decolou, digo, esquentou. Hoje, ando exibindo domínio em fornos, fogões e máquina de lavar. Sobre televisão ainda não pronuncio publicamente. Por favor, se você quiser minha ajuda para experimentar um novo aparelho doméstico, deixe-me sozinho com ele por uns tempos…
Imagem de Free-Photos por Pixabay
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Deus seja louvado!
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