O preço da liberdade

Sou livre. Por isso, devo pagar a conta de luz. Ser livre implica em compromissos, coisa que os adolescentes ainda não assimilaram. Par...


Sou livre. Por isso, devo pagar a conta de luz. Ser livre implica em compromissos, coisa que os adolescentes ainda não assimilaram. Para os adolescentes, em geral, todos os adultos estão errados. Só eles estão certos. Reclamam dos pais, da escola e da comida. Vivem numa bolha sonhando com utopias.  O estado da adolescência, e o estado de dor do ser, "adolescer". É a dor de quem não é mais criança e ainda não é adulto. Sonham com os "privilégios" da vida adulta e com a "liberdade" da criança. Querem ser livres e se esquecem que a liberdade tem um preço, nem sempre em promoção.

O povo de Israel, no Antigo Testamento, viveu uma experiência parecida com a experiência dos adolescentes no que diz respeito ao uso da liberdade. Foi durante a travessia pelo deserto, após a fuga do Egito. Nessa transição, deixava de ser escravo, mas ainda não sabia o que era ser livre. A transição, pelo visto, foi muito dolorosa. No deserto, lugar de provação, o povo aprendeu a confiar no amor providente de Deus.  Aprendeu a confiar nos seus líderes e em si mesmo. Alguns tiveram momentos de recaídas. Com saudade dos "confortos" da escravidão, chegaram a reclamar contra Deus e contra Moisés. Queriam trocar a liberdade por um prato de cebolas!(Números 11,5)

"A cachoeira canta: encontro minha canção quando encontro minha liberdade," dizia  Tagore, o famoso poeta indiano. Pois é. Para aprender a serem livres, alguns precisam levar muitos tombos. Somente após as quedas podem ouvir a voz suave da liberdade. Ao escravo não é dado o direito de cantar, e quando ele canta, seu canto se parece a  um lamento. Foi isso, que aconteceu novamente com o povo de Israel, no exílio da Babilônia. O canto desapareceu. O que sobrou foi lamento (Salmo 137). Sem liberdade, o povo ficou mudo e pendurou a viola. Aqui, se percebe uma profunda relação entre o canto e a liberdade. Para cantar bonito é preciso ser livre.
Os tombos do adolescente, assim como os da cachoeira, costumam ser necessários e fazer parte do aprendizado de quem deseja hastear a bandeira da liberdade. Às vezes, é preciso cair para perceber que se está num caminho errado. Não foi oi exatamente isso, que aconteceu ao  filho pródigo do Evangelho (Lc 15,12)?  Teve que se nivelar aos porcos para ver o que havia perdido na casa paterna! O pai, certamente, ficou entristecido com a decisão do filho, mas ainda assim, não o poupou das cambalhotas. Feliz daquele que aprende pelo amor! Mas, quase sempre, é pela dor que  aprendemos. O caminho do amor nos ensina a viver e nos poupa de sacrifícios. Quem ama é livre para fazer o que quiser, pois amando não vai querer o que é ruim para ninguém!

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