Os Maias: a tragédia

Grande parte dos filmes americanos ou mesmo as telenovelas brasileiras seguem a lógica do final feliz. De acordo com essa lógica o heró...


Grande parte dos filmes americanos ou mesmo as telenovelas brasileiras seguem a lógica do final feliz. De acordo com essa lógica o herói se dá mal, em boa parte do filme, para se dar bem no final. O momento mais alto da produção acontece com uma virada, onde o bandido, finalmente é punido e os bons recompensados. Após o final feliz, o telespectador se sente aliviado e tende a pensar que na vida real as coisas também seguem esse formato…

As tragédias não garantem esse conforto ao telespectador. Nelas o bandido costuma se dar bem no filme todo, e no final dele, inclusive. Os bons se dão mal no filme todo e para variar se dão mal também ao final. Isso costuma gerar uma grande revolta nos telespectadores. Quem não gosta de um final feliz com cenas de beijos e tudo mais?

A tragédia é um estilo herdado dos gregos. Ela está presente em diversos relatos mitológicos. No mito de Édipo, então nem se fala. Ele viveu, lutou e ao final da vida, em vez de "aproveitar a aposentadoria" furou os próprios olhos. As vezes é melhor ser cego a ter que enxergar a miséria da própria existência…

No romance, “Os Maias”, do escritor português, Eça de Queiróz, o que podemos contemplar é uma verdadeira tragédia bem ao estilo das tragédias clássicas. Os “Maias” parecem ter herdado a desgraça do próprio destino que, com mão de ferro, marca a vida no “Ramalhete”, o casarão da família. A história nasce no outono de 1875 e está situada em Portugal. O país é visto com certo pessimismo. Os políticos são corruptos, os homens de letras retrógrados e muitos sonham com o desenvolvimento e o modernismo da França e da Inglaterra. O romance contempla três gerações da família Maia.

Afonso da Maia, nobre e rico possui um filho chamado Pedro. Contra a vontade do pai, Pedro se apaixona por Maria Monforte e com ela tem um casal de filhos: Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Monforte por sua vez, se apaixonou por um príncipe italiano e fugiu com ele levando apenas a filha. Pedro matou-se com um tiro no peito. O neto, Carlos da Maia, cresceu com o avô. Formou-se em medicina e recebeu toda a influência do avô Afonso da Maia. Monforte sumiu no mundo. Afonso soube da morte da neta. Um dia surgiu em Lisboa uma mulher muito bonita com a qual Carlos se apaixonou. Chegou a viver com ela um tórrido romance. Somente depois, com o retorno de Monforte, ao final de sua vida, soube que a mulher de seus sonhos, na verdade era Maria Eduarda, sua própria irmã. Isso é uma tragédia!

A tragédia é desconcertante para quem a vê. Estamos habituados ao “final feliz” embora ele nem sempre aconteça na vida real. Ainda assim, é bom saber que ao final os bandidos morrerão, os heróis serão recompensados e os amantes terminarão com um beijo tendo como fundo um por do sol. A tragédia machuca e faz sofrer embora pareça estar mais próxima à vida dos mortais.

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