Programa de rádio fala sobre as “Cantigas de Incelências”
A vida humana é cheia de rituais. Temos rituais ligados ao nascimento, crescimento e morte. As cantigas de incelências, também chamadas ...

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A vida humana é cheia de rituais. Temos rituais ligados ao nascimento, crescimento e morte. As cantigas de incelências, também chamadas de cantigas de guarda ou cantos de sentinela, acompanham os rituais da morte. Segundo o Dicionário da Religiosidade Popular, de Frei Chico, essa cultura veio de Portugal e ganhou as cores do Brasil. Com o surgimento da TV e da cultura de massa, obviamente muita coisa se perdeu. Mas, o hábito ainda subsiste no interior de Minas, Bahia e em quase todos os Estados do Brasil. São músicas apropriadas para ajudar o agonizante no momento mais definitivo de sua vida: a partida para o céu! Normalmente são cantos de sete, nove ou doze versos. O Programa Sala Vip do dia 11/01(14h) irá discutir um pouco sobre esse assunto. Na primeira parte do programa Pe. Gabriel fala um pouco sobre a origem desse ritual:
No interior do Brasil, o povo nem sempre pode contar com a presença de um sacerdote para encomendar a alma do morto. Do seu jeito as pessoas acabaram encontrando uma maneira de manifestar a solidariedade com a família enlutada. A comunidade se reúne, canta e reza para ajudar o morto em sua passagem para a vida eterna. Grande parte das comunidades ainda acredita que mesmo após a morte a alma pode ser seduzida pelo diabo. Por isso, pedem para ela a proteção de São Miguel e de Nossa Senhora. São Miguel é o arcanjo encarregado de colocar a alma sobre a balança no dia do juízo. Caso o prato pese para o lado contrário é bom que Nossa Senhora esteja por perto para advogar em favor daquela pobre alma. Ouça abaixo:
Os cantos de incelência podem ser acompanhados com instrumentos ou não. Quando se canta para um pecador (adulto), então, normalmente não se usa instrumentos. Eles são reservados para velório de anjos (crianças inocentes). Às vezes, são cantados para se pedir chuvas, na encomendação de almas e durante algumas noites da Semana Santa. Os cantos seguem uma lógica que dura a noite toda. Há um canto para os momentos de agonia da vítima, outro para depois da morte. Canta-se à meia noite, na primeira hora do dia e ao raiar do dia. Canta-se ainda na hora de vestir e de se despedir do morto. Confira o áudio: