Religião e sociedade
Há quem pense que a esfera da religião seja uma, e que a da vida cotidiana seja outra. Nesse sentido, a religião funciona como um hobby...

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Há quem pense que a esfera da religião seja uma, e que a da vida cotidiana seja outra. Nesse sentido, a religião funciona como um hobby pessoal ou um hábito da vida privada, que não dever interferir na política, economia, ciência, etc. A recente discussão sobre o a opinião da Igreja Católica no que diz respeito ao uso de células embrionárias para pesquisas, mostra isso. Alguns acham que os padres e bispos deveriam ficar na sacristia limpando o mofo das imagens. Afinal, o que eles entendem de ciência e economia? Vivemos numa sociedade de livre mercado e a liberdade individual é colocada como valor absoluto. O indivíduo quer ser livre a todo custo nem que tenha que eliminar o outro por isso. Essa lógica contagiou também os grupos e empresas. As empresas de pesquisas, nacionais ou não, devem se libertar de qualquer tutela exterior para gerar mais lucros. Só que a questão não é colocada bem assim. Ela vem travestida com a roupagem do progresso. A livre pesquisa é resultado de um "grande progresso" para a humanidade. Mas, progresso, para quem? – Essa pergunta permanece oculta. Qualquer pessoa ou grupo que desmarcar essa falsa idéia de progresso é antipática. Diante do rolo compressor do capital é preciso que alguns morram para que outros vivam.
A religião, certamente, teve e tem os seus erros. Mas, seria ingênuo demais, querer descartar sua relevância para milhares de pessoas. Como negar o papel do Judaísmo enquanto gerador de uma das matrizes culturais mais antigas da humanidade? Como ignorar o Hinduísmo na configuração social da Índia? Como desconhecer o importante papel da Igreja Católica nos mais diversos períodos da história do Brasil?
O documento "Fides et Ratio"( Setembro de 98), do Papa João Paulo II, mostra com grande luminosidade a parceria que deve haver entre a fé e o trabalho intelectual. Fé e razão são como duas asas que possibilitam o vôo de um pássaro por maior que ele seja. Sem a razão (esforço dos cientistas para ajudar o homem a superar suas deficiências) a fé corre o risco de caducar e se perder num vale de sombras. Mas, sem a fé, a razão pode perambular também num vale de lágrimas! A religião não pode ignorar todo esforço dos cientistas na busco pela iluminação das realidades humanas. Mas, a ciência não pode ser movida por preconceitos. Afinal, ela não tem todas as respostas para o homem e também não está livre de ser manipulada e colocada a serviço de poucos. A sociedade atual é pluralista, carente de utopias e de sentido para a vida de seus membros. A religião bem vivida pode prestar-lhe um grande serviço, nesse sentido. Ela pode suprir a carência de sentido para a vida envolver as pessoas num projeto coletivo e garantir a todos o direito de sonhar… Pense sobre isso!